A diretoria não encomendou fogos, não preparou faixas e a maior torcida uniformizada, mais uma vez, não gritou o seu nome. A relação de amor de outros tempos só veio pelos torcedores “comuns”, quando Robinho entrou no gramado e foi recepcionado por centenas de crianças, que cercaram o atacante.
Em sua despedida da Vila Belmiro, o camisa sete também viu o time deixar a desejar. Após um primeiro tempo primoroso, o Peixe mostrou os mesmos erros defensivos dos últimos jogos e sofreu para vencer o Figueirense, que luta desesperadamente contra o rebaixamento, por 4 a 3, na noite deste domingo.
A atuação mostrou a cara do Santos, que virá sem o Robinho, já que sua última partida será na quarta-feira, quando o atual campeão brasileiro visita o Paysandu, em Belém. Um time inconstante e que ainda procura o seu ajuste ideal.
Assim como já fizera há nove dias, no empate contra o Brasiliense, Robinho fez sua parte e marcou dois gols de pênalti, ainda no primeiro tempo, para coroar sua despedida. Aliás, a etapa inicial foi uma lembrança feliz do futebol alegre, envolvente e extremamente técnico que pontuou a “era Robinho” no alvinegro.
Em 12 minutos, o Peixe marcou quatro gols na etapa – os outros foram marcados por Élton e Giovanni – e parecia caminhar facilmente para um “belo” adeus de seu ídolo maior neste século.
Mas os 45 minutos derradeiros mostraram o instável alvinegro da Baixada, que só havia vencido dois dos sete jogos anteriores na Vila. A defesa não marcou e assistiu passivamente aos gols de Cléber, Michel Bastos e Edmundo em 13 minutos. No final, o time passou um sufoco, viu o rival acertar o travessão, mas escapou de um desastre maior, segurando a vitória, que, pelo menos, encerrou de forma positiva a despedida de Robinho da Vila.
O triunfo desta noite, além de marcar a despedida de Robinho da sua segunda casa, ainda levou o Peixe ao quarto lugar da tabela, com 36 pontos. Por sua vez, o Figueirense segue na 20ª colocação, com 19 pontos, e na zona de rebaixamento à Série B.
O jogo
Se o Santos dos últimos jogos na Vila cansou de tropeçar e irritar seu torcedor, a atuação na primeira etapa foi a melhor forma de apagar. Com Élton em noite inspirada, e uma grande movimentação de Robinho, Diego, Giovanni e Ricardinho na frente, o Santos nem precisou de muito tempo para abrir o placar.
Aos 15, o alvinegro mostrava já o caminho para conquistar a vitória. Em cruzamento de Wendel, Robinho escorou e Élton bateu raspando a trave. Três minutos depois, em uma jogada praticamente idêntica, Ricardinho dominou na esquerda e chutou cruzado. A bola acertou a trave e, no rebote, Élton só tocou para o gol vazio.
Embalado, o Peixe partiu para cima e simplesmente aniquilou o rival. Aos 21, Wendel lançou Robinho, que girou e só restou a Marquinhos Paraná agarrar o atacante dentro da área. Na cobrança de pênalti, a torcida pediu “Robinho, Robinho”, Ricardinho, cobrador oficial do time, deixou para o camisa sete, que só deslocou o goleiro para marcar.
No minuto seguinte, o Figueirense assustou em uma cabeçada de Bilu, que Saulo pegou no reflexo, mas os catarinenses pararam. Envolvente, o alvinegro chegou ao terceiro, aos 27. Robinho dominou na esquerda, pedalou na frente de Bilu, mas tocou errado. Na sobra, o meia Giovanni dominou de costas para o gol, girou e fez um golaço, acertando o ângulo de Èdson Bastos.
O time visitante nem teve tempo para se recuperar e o Santos já chegou ao quarto gol, em outra cobrança de pênalti, desta vez sofrida por Diego. Robinho, de novo, só tirou o goleiro da jogada, mudando o canto e acertando o lado esquerdo.
Sonolência punida: A bela exibição do primeiro tempo levou o alvinegro paulista a voltar com uma cadência maior e o Figueirense soube aproveitar muito bem a situação. Se o Santos dormia, os catarinenses trataram rapidamente de diminuir aos dois minutos, com Cléber dando um peixinho certeiro, após cruzamento de Bilu.
Perdido, o Santos parecia não encontrar o seu posicionamento, cansou de tocar a bola no meio-campo e os catarinenses foram letais na frente. Após um passe errado no meio, Zé Elias ficou observando Edmundo, que dominou e deixou Michel Bastos na cara do gol para anotar o segundo.
O lance desnorteou ainda mais o sistema defensivo do Santos, que continuou errando e tomou o terceiro, aos 13. Na intermediária, Alexandre desarmou facilmente o zagueiro Luiz Alberto, passou para Edmundo e o “Animal” com calma só tocou no canto direito de Saulo.
E o sufoco prosseguiu na Vila. No minuto seguinte, um cruzamento na área foi suficiente para a zaga do Santos bater cabeça e só evitar o gol por causa de um chutão desesperado de Wendel. O “apagão” da zaga santista levou Cléber a acertar o travessão, aos 31, após uma cobrança de escanteio.
Cansado, Giovanni foi substituído por Léo Lima e o técnico Gallo teve de ouvir novamente os gritos de “burro” da torcida. A alteração não melhorou a marcação santista, que ainda viu o adversário ter, pelo menos, mais duas boas oportunidades para empatar. Apesar dos erros defensivos, o Santos conseguiu, aos trancos e barrancos, dar uma vitória a Robinho na última partida em sua segunda casa.