Na inauguração do Engenhão, quem se deu bem foi o Botafogo. O time de General Severiano venceu de virada por 2 a 1, com dois gols de Dodô e levou o troféu João Havelange. Ao Flu, restou o troféu Valdir Pereira, que Alex Dias recebeu por marcar o primeiro gol do estádio.
O Botafogo se isola ainda mais na liderança, agora com 20 pontos ganhos. O resultado serviu como resposta a Renato Gaúcho, que tanto provocou o rival durante a semana. O próximo compromisso é o Goiás, na próxima terça-feira, no Serra Dourada. Já o Flu, segue com 12 pontos, e agora enfrenta o Paraná, também na terça, no Raulino de Oliveira.
Cercada de expectativa, a festa foi bonita. As torcidas davam seus espetáculos nas aruquibancadas, mas no primeiro tempo, além de João Havelange, faltou outro detalhe: o bom futebol. A promessa de um jogaço – já que era o duelo do campeão da Copa do Brasil contra o líder do Brasileirão – ficou apenas na promessa. O que se viu foi uma partida muito disputada e truncada.
O Fluminense, com seu estilo eficiente, colocava-se melhor em campo e neutralizava o adversário. Pesou para isso a surpresa de Renato Gaúcho, que colocou o volante Maurício no lugar do apoiador Cícero. Com um time mais alto, o Tricolor era soberano nas bolas aéreas, com Thiago Silva ganhando na zaga e Adriano Magrão, no ataque.
Já o Botafogo ressentia-se de Jorge Henrique. Sem o atacante, ficou sem a velocidade no lado esquerdo, uma vez que Ricardinho dava bons dribles e passes, mas sem objetividade. O campo pequeno e a bola correndo muito também prejudicava o jogo característico dos alvinegros – de toque e movimentação.
Foi uma primeira etapa sem muitas chances de gol, mas o Fluminense foi superior e acabou achando seu gol aos 27 minutos. Thiago Silva ganhou de Dodô no alto, Arouca carregou e colocou Alex Dias na boa. O atacante, que no jogo contra o América-RN foi criticado por driblar o goleiro e chutar para fora, dessa vez fez tudo como manda o figurino: passou por Julio César e abriu o placar. Por ter feito o primeiro gol do Engenhão, Alex Dias recebeu o troféu Valdir Pereira, uma homenagem a Didi.
O gol serviu para abrir um pouco o jogo. O Botafogo tinha que se expor mais, começou a sair mais para o ataque. No entanto, o Flu continuava bem posicionado e rechaçava todas as bolas que chegavam. Nem mesmo as bolas paradas, grande trunfo alvinegro, apareciam. Na única, Lucio Flavio bateu de forma colocada, mas Fernando Henrique foi bem.
Houve também muita discussão. Carlos Alberto provocava os adversários Alex e Túlio, mas estes não reagiram. O apoiador tricolor, aliás, abusou das faltas e simulações e poderia até ter sido expulso após se jogar e colocar a mão na bola. O árbitro Evandro Rogério Roman preferiu contemporizar.
Ainda no intervalo, Cuca anunciou: André Lima entraria. Além dele, Diguinho também foi para o jogo. Saíram Ricardinho e Túlio. As mudanças deixaram o Botafogo mais ofensivo e, logo aos seis, o centroavante alvinegro – que vem virando um amuleto para o segundo tempo – foi derrubado na área por Roger. Pênalti, que Dodô colocou no canto direito do goleiro Fernando Henrique, que se esticou mas não chegou.
Hora então de aparecer o bom futebol. As duas equipes começaram a impor um ritmo mais forte, e os dois camisas 10 – Carlos Alberto e Zé Roberto – apareceram para o jogo. Zé Roberto dava belos dribles, enquanto Carlos Alberto quase marcou um golaço de fora da área, aos 15. Joilson respondeu pelo Botafogo e também fez a bola raspar a trave.
Perecebendo que seu time perdeu o domínio que tivera no primeiro tempo, Renato Gaúcho promoveu a estréia de Somália. Mas quem quase desempatou foi o Alvinegro. Em um erro grosseiro de Arouca, Joilson roubou e cruzou na cabeça de André Lima, que tocou para fora, mesmo livre na pequena área, aos 20.
O minuto crucial para o Fluminense foi o 29. Alex Dias recebeu belo passe de Carlos Alberto, invadiu a área, mas chutou em cima de Julio César, perdendo grande chance. Na sobra, Cícero, que entrara aos 27, deu um carrinho por trás em Juninho e recebeu o cartão vermelho.
Renato Gaúcho ainda trocou Alex Dias por Rodrigo Tiuí, tentando dar velocidade ao time. Mas nem tempo para contra-ataque o Fluminense teve. Alex avançou como um legítimo lateral-direito e cruzou na cabeça de Dodô. O artilheiro dos gols bonitos apenas desviou de Fernando Henrique virando o jogo, aos 33. Com este, chegou a sete gols no Brasileirão, igualando-se a Josiel na artilharia.
Como o jogo era imprevisível, o Botafogo perdeu Luciano Almeida, que saiu para a entrada de Renato Silva, ex-Fluminense. Mas problemático mesmo para os alvingeros foi a expulsão de Joilson, aos 38. O ala-direito, que vinha bem no segundo tempo, entrou com muita força em Junior Cesar e recebeu também o vermelho.
Ao Fluminense, restava tentar a pressão, mas faltava fôlego. A equipe esbarrava também num Botafogo bem postado e que trabalhava a bola no meio-de-campo, principalmente com Diguinho e Lucio Flavio. Carlinhos ainda teve oportunidade numa cobrança de falta, mas Julio Cesar defendeu com segurança. Somália ainda teve uma outra grande chance, mas o goleiro alvinegro fez uma defesaça, garantindo a oitava vitória do Botafogo.