Trinta e cinco minutos em campo e 26 passes certos, dois deles decisivos para a virada. Esses foram alguns dos números de Paulo Henrique Ganso na vitória por 3 a 1 sobre o XV de Piracicaba, na quarta-feira. Números aprovados por Muricy Ramalho, mas que não lhe dão certeza de que o meia terá uma sequência de boas atuações.
Para que isso aconteça, o treinador entende ser necessário o jogador se cobrar mais, estudar suas estatísticas e observar seu mapa de calor partida a partida. Foi essa a orientação dada a ele há pouco mais de uma semana, em uma conversa particular de cerca de meia hora, dias antes de colocá-lo pela primeira vez no banco de reservas, no clássico de domingo contra o Santos, no Morumbi.
"Disse a ele que tem que melhorar em todos os níveis. É fácil de se avaliar o jogador. Ele tem que se avaliar, olhar seu scout (análise geral dedesempenho) e ver quantos chutes deu a gol, quantas assistências. No basquetebol é assim, no beisebol é assim. No futebol brasileiro, não se costuma fazer isso", disse o comandante.
Em Piracicaba, Ganso deu apenas um chute, e para fora. Mas compensou com uma assistência direta para gol de Luis Fabiano e outro passe em que o atacante foi derrubado dentro da área – Pabon cobrou o pênalti e assegurou o primeiro triunfo do time após quatro partidas, o primeiro como visitante no Campeonato Paulista.
Camisa 10 desde a saída de Jadson, o meia é um dos três atletas do elenco a atuar em todas as partidas da temporada. Os outros são o atacante Osvaldo, também reserva em algumas ocasiões, e o zagueiro Antônio Carlos, único presente em todos os minutos até aqui. Apesar disso, ainda não fez não balançou a rede – tem apenas cinco gols em 82 partidas pelo clube -, por exemplo.
E chegar à área, com possibilidade de finalizar, é uma das principais cobranças de Muricy, que até outro dia era apontado como responsável por recuperar o bom futebol do jogador e agora tem lhe causado descontentamento – nas duas partidas em que foi reserva, Ganso deixou o campo pedindo para não conceder entrevista, o que não é de sua característica.
"O Muricy adora o Ganso, e o Ganso já trabalhou com o Muricy, no Santos", minimiza o capitão Rogério Ceni. "É uma alternativa que o treinador encontra para uma partida. Ele tem o direito de optar, assim como temos que reconhecer o talento do Ganso, que é inegável. Ele é diferente. Depois do Raí, jogando com a camisa 10, foi difícil ter algum jogador com essa categoria. O Ganso enxerga antes".
"Mas ninguém é perfeito e, às vezes, tem um ou outro defeito", ressalva o goleiro, sem citar os do ex-santista, que, convidado a procurá-los, tem uma semana para fazer isso. O próximo compromisso do São Paulo na competição será somente na quarta-feira que vem, diante do Audax, no Morumbi.