Mais de 100 gestores da Universidade do Estado de Mato Grosso debateram, em Cuiabá, o ingresso e permanência de alunos na universidade pelo fato de não haver o preenchimento da totalidade das vagas que oferecem. “Vamos separar o que é problema nosso do que é global e, juntos, viabilizar soluções, lembrando que a Unemat é uma universidade de inclusão que tem uma função social de melhoramento de qualidade de vida da população, para além da formação de uma elite intelectual”, esclareceu a pró-reitora Vera Maquêa.
A professora Ivanete Inês Parzianello Carvalho apresentou o primeiro relatório de vagas ociosas da Instituição com levantamento de dados por meio de artigos, resoluções de outras Instituições de Ensino Superior (IES) e de questionários aplicados. Ivanete ainda apontou que segundo o Censo da Educação Superior de 2015 a taxa de ocupação de vagas no ensino superior foi maior na rede pública do que na privada. Alguns dados reforçam as preocupações da comunidade acadêmica. O mesmo censo mostra que 5,6 milhões de vagas entre novas (entrada) e remanescentes (evasão) ficaram ociosas em 2015. Também é importante considerar que de 2009 a 2014 a ampliação de matrículas na rede pública cresceu em 10.241, enquanto na rede privada aumentou em mais de 37 mil.
O mestrando Luiz Borges expôs conclusões de sua dissertação “perfil dos ingressantes na Unemat: Implicações do SiSU para o processo de democratização do acesso”. Luiz Borges trabalhou as variáveis obtidas nos bancos de dados da Unemat e do SiSU, no período de 2013 a 2015, no campus de Cáceres, com informações do momento da inscrição desses 2859 candidatos. O pesquisador chegou a conclusão de que a adesão ao SiSU preservou o ingresso democrático na Unemat. E disse ainda ter se surpreendido com os resultados encontrados. “Os ingressantes SiSU e vestibular possuem praticamente o mesmo perfil. O aumento do número das chamadas provocadas pelo SiSU demonstra que os primeiros colocados, maioria de fora do Estado, optam por outras universidades, mantendo a entrada principalmente para alunos de Mato Grosso, como ocorre com o vestibular próprio”, comparou.
O próximo encontro, já embasado em levantamento de dados junto a cada campus, foi agendado para o mês de setembro.
Nos debates foi apontado que o problema é global. Na Argentina, Estados Unidos e Hungria, por exemplo, as universidades só formam até 50% dos alunos que ingressam; no Brasil, em alguns cursos, esses índices são ainda maiores.