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Calor dentro das salas de aula compromete ensino, diz Sintep

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Alunos e professores da maior parte das escolas públicas municipais e estaduais em Cuiabá e Várzea Grande estão sofrendo com o calor, nesta época de seca e temperaturas elevadas na Grande Cuiabá, por problemas na climatização. A denúncia é do Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep), subsedes das duas cidades. Em dias de 40ºC, parte das unidades ainda tem que “se virar” com ventiladores de teto que mais fazem barulho do que refrescam. Isso porque, por problemas na rede elétrica não conseguem utilizar aparelhos de ar condicionado. Outras têm aparelhos ligados, mas que não são potentes o suficiente para quebrar o calor nos ambientes ou estão estragados. Só se associados a ventiladores, a situação melhora um pouco.

Outro problema, em tempo de seca, é a falta de água em algumas escolas de Várzea Grande. Esta realidade climática, de agosto, setembro e outubro, é sazonal, ou seja, ocorre todo ano. Isso quer dizer que só vai amenizar dentro de 2 a 3 meses, com o início do período de chuvas. O prejuízo disso é, inclusive, no aprendizado.

Presidente do Sintep subsede Várzea Grande, Cida Cortez afirma que, quanto à climatização, é muito crítica a situação em pelo menos 8 escolas estaduais e 4 municipais, além das creches, “onde ficam os pequenininhos e a situação é precaríssima, ao ponto de se lamentar”. Ainda de acordo com a sindicalista, não se trata apenas de ter conforto e condições pedagógicas para ensinar e aprender, mas sim de um problema de saúde, porque uma sala de aula “abafada” é local de transmissão de doenças infecciosas e outras enfermidades.

Na Escola Estadual José Mendes, bairro Maringá 2, em Várzea Grande, os dias têm sido assim. Muito quentes e insalubres. Nas 13 salas, a maior parte tem 2 aparelhos de ar condicionado instalados, mas em todas elas um deles não funciona ou os 2. A diretora Rosaura Zózima da Silva diz que os professores não podem usar nem mesmo a quadra para uma aula extramuros, porque está tomada por pombos e, por isso, interditada. Todo dia, segundo ela, nos 2 períodos, manda crianças para casa, passando mal. Foi o caso de Maria Eduarda Alves, 11, do 5º ano. Na terça-feira (5), à tarde, estava com dor de cabeça. “Muito quente minha sala, estou sentindo dor desde depois da merenda”, cochichou, esperando a mãe sair do trabalho para ir buscá-la.

Nessa semana, 2 professores já pediram licença médica. A direção não defende a suspensão das aulas porque famílias que moram nos bairros do entorno são de classe mais baixa e, em casa, poucas têm climatização. “Do que adianta ir para lá para continuar passando calor? O que precisamos dar é um ambiente melhor aqui”, menciona a diretora.

O professor de Educação Física, Rogério Mariana, ressalta que as portas das salas não têm maçanetas e muitos dos vidros estão quebrados. “A vedação é ruim”, observa. Aproveitando a oportunidade, ele manda um recado aos gestores para que mudem o projeto das quadras escolares locais, pensando no clima. “Cobertura de zinco propaga calor, a radiação do sol é o que mais queima, todos sabemos disso, nós, professores, ficamos com manchas na pele”, lamenta.

Na sala de aula, em dias de calor, afirma que a turma fica muito agitada e dá muito trabalho fazer com que concentrem. Outro professor, o Leonardo, conta que um aluno, de 14 anos, desmaiou na sala dele, no período da manhã, também na terça-feira. A aluna Isabele Fernanda, 12, da Cohab Cristo Rei, conta que na casa dela só tem ventilador, mas mesmo assim é mais fresca do que a sala onde estuda. As amigas dela, Lauriele Cristina, Maria Eduarda Paisão e o amigo Wanderley Júnior, todos de 11 anos, concordam com ela. Dos 4, somente Wanderley tem ar condicionado em casa.

A diretora Rosaura afirma que a orientação repassada aos professores é para deixar os alunos tomarem água com muita frequência, mas o bebedouro da escola também é problemático. Está com vazamentos e aparência insalubre. Presidente do Sintep, subsede Cuiabá, Helena Bortolo afirma que na capital há também muitos problemas. Uma das unidades em situação mais grave é a Escola Municipal Esmeralda de Campos, no bairro Jardim Santa Rosa 2. A professora Nádia Albuês confirma que as salas são quentes, ao ponto de comprometer a aprendizagem. “Não estamos também podendo ir à sala de informática, porque os aparelhos estão quebrados e ninguém aguenta ficar lá”.

Segundo ela, que é alfabetizadora, não tem como “prender a atenção” dos alunos, porque querem sair da sala toda hora, para beber água ou ir ao banheiro, ficando agitados ou, do contrário, amuados.

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