O Cadastramento Educacional de Jovens e Adultos, realizado pela Secretaria de Estado de Educação (Seduc), em outubro de 2005 revelou que 437.090 pessoas com idade superior a 16 anos estão fora da sala de aula em Mato Grosso. O resultado foi apresentado pela secretária de Educação, Ana Carla Muniz, na tarde desta terça-feira (23.05), durante reunião da Comissão interinstitucional que debate a educação noturna em Mato Grosso.
O Cadastramento, que ocorreu durante o referendo sobre a comercialização de armas de fogo e munição, teve como finalidade identificar jovens e adultos que não estão estudando e não concluíram o Ensino Fundamental e o Ensino Médio.
No total, 483.089 pessoas responderam aos questionários elaborados pela comissão, que também traz outras informações, como nível de escolaridade, e qual o motivo de não estarem estudando. Das pessoas que responderam o cadastramento, apenas 9,52%, ou seja, 45.996 estavam estudando.
Conforme a secretária de Estado de Educação, Ana Carla Muniz, a pesquisa superou a expectativa. “Nossa meta era cadastrar em torno de 200 mil pessoas e quase 500 mil responderam”, observou.
O levantamento foi realizado a partir de uma Notificação Recomendatória, apresentada pelo promotor Público Estadual, Alexandre Guedes, ao Governo do Estado. A notificação trazia dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que apontavam cerca de 800 mil pessoas no Estado, com idade superior aos 25 anos, sem concluir o Ensino Fundamental.
Com base nesta notificação e dados preliminares do cadastramento, a Seduc implementou novas ações para atendimento à Educação de Jovens e Adultos (EJA), com a implantação do projeto Beija-Flor. Com ele, o Estado está ofertando mais 11,5 mil novas vagas em todo o Estado.
O Beija-flor oferece a EJA de forma diferenciada, como a redução de 9 para 6 anos do período de conclusão de Ensino Fundamental e Médio. Além disso diminui o período em sala de aula, de 4h para 3h diárias e oferece um calendário de aula específico para o atendimento aos alunos do campo.
“A vaga sempre existiu, o que estamos fazendo agora levantar critérios para esse atendimento. Não podemos obrigar o cidadão a ir para a escola ele terá que fazer isso de forma voluntária. Agora podemos estimula-lo a voltar para a escola, oferecendo por exemplo, menor carga horária, atendimento diferenciado, materiais didáticos específicos e, inclusive, como no caso do projeto Beija-Flor, a merenda escolar”, exemplificou Ana Carla.
Para Alexandre Guedes, a ação efetuada pelo Estado é uma demonstração de exemplo de Gestão Pública Democrática. “O empenho de vários segmentos da sociedade e principalmente do Governo do Estado demonstra que a junção de forças traz resultados. Havia um problema e ele começa a ser resolvido. O MP está satisfeito com essa ação”.
Dados
O levantamento ainda revela que 9,53%, das pessoas que estão fora da sala de aula, não têm instrução ou têm apenas um ano de instrução. Ou seja, mais 46 mil pessoas ainda são analfabetos ou semi-analfabetos. Além disso, outros 90.871 estudaram apenas de 1 a 3 anos, o que representa 18,81% do total de entrevistados.
Já os que fizeram o Ensino Fundamental, de acordo com o levantamento, são 165.456 (34,25% do entrevistados). Os que freqüentaram a sala de aula até o Ensino Médio representam apenas 9,42% do total.