O escoamento de grãos de armazéns pode ficar impedido nos próximos dias em alguns municípios do Nortão. Ontem, presidentes e dirigentes de sindicatos rurais de Sinop, Sorriso, Tapurah, Nova Ubiratã e região, se reuniram, em Sorriso, para discutir alternativas e mobilizações contra a crise que enfrenta o setor.
Segundo o gerente sindical de Sorriso, Rubens Denardi, os representantes decidiram em apoiar o movimento que começou na última segunda-feira em Ipiranga do Norte (120 km de Sorriso), em que os agricultores trancaram os acessos em 30 armazéns impedindo a saída de grãos.
Ele explicou que a decisão deve ser tomada até sexta-feira em assembléias com os agricultores de cada município. Os sindicatos também devem pedir apoio da Federação da Agricultura de Mato Grosso (FAMATO). “Se tiver apoio dos produtores podemos começar o manifesto na sexta-feira”, disse.
Trancando a saída de grãos dos armazéns, eles querem pressionar o governo para que, principalmente, sejam feitas mudanças cambiais e o soja, milho e arroz voltem a ter bons preços. A queda, da soja, por exemplo, em relação a 2003, teve queda superior a 100% em diversas regiões produtoras no Mato Grosso. Só em Sorriso, capital brasileira em produção de soja, foram 600 mil hectares plantados, responsável por 2% da produção brasileira de grãos, cerca de 1,8 milhão de toneladas este ano. A colheita terminou há cerca de 10 dias e a grande maioria dos armazéns está lotada.
Entre as reivindicações do setor estão a implantação de uma política agrícola sustentável, já que hoje os preços dos produtos estão defasados e não cobrem os custos da produção, além da redução nos custos dos fretes. Uma das saídas seria a conclusão da pavimentação da BR-163 até o porto de Santarém, no Pará.
As medidas anunciadas recentemente pelo governo Lula, apontando pelos produtores como um dos responsáveis diretos pela crise, não resolvem os problemas a curto prazo. Dentre as medidas, as dívidas que os produtores têm de custeio e investimentos foram prorrogadas.