Pesquisa vai mapear a presença de mercúrio em diferentes regiões do Pantanal Mato-grossense e na Espanha. Trata-se do projeto de pesquisa “Dinâmica de contaminação por mercúrio em ambientes aquáticos”, que será executado pela Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat) e Universidade de Barcelona, com financiamento da fundação BBVA.
O trabalho tem por objetivo avaliar a evolução do impacto ambiental por mercúrio em ecossistemas de alto interesse para a conservação e proteção de sua biodiversidade. Neste sentido, foram selecionados: o Pantanal de Mato Grosso, reserva da Biosfera e Patrimônio Natural da Humanidade e, na Espanha, o Delta do Rio Ebro e Rio Galego. Em todas as áreas geográficas a equipe avaliará o nível de contaminação no local e como afetam o ambiente aquático e, por meio de cadeias alimentares, atingem plantas, animais e a espécie humana.
A equipe de pesquisadores espanhóis esteve esta semana em Cáceres para uma primeira visita de campo aos locais onde será desenvolvida a coleta em Mato Grosso. Foram acompanhados das professoras responsáveis pelo projeto na Unemat, Carolina Joana da Silva e Áurea Regina Alves, com participação do professor Josué Ribeiro da Silva. “A Unemat é a única instituição de ensino presente nos três biomas de Mato Grosso: Floresta amazônica, Pantanal e Cerrado. As pesquisas desenvolvidas devem responder às problemáticas sociais e ambientais dos diferentes locais onde se faz presente”, disse o reitor da Unemat, Taisir karim.
Num segundo momento de desenvolvimento do projeto, a equipe da Unemat deverá ir a Espanha conhecer os locais daquele país onde serão coletados materiais. “Estamos trabalhando no sentido de ampliar as parcerias e os investimentos de agências de fomento externo para pesquisas de interesse para o desenvolvimento da nossa região”, explicou a Pró-reitora de Pesquisa e Pós-graduação, Carolina Joana da Silva.
O trabalho será executado até o ano de 2010. No Pantanal de Mato Grosso envolverá análise de peixes, aves, jacarés e até junto à população. Serão colhidas 15 amostras de cada item em três lugares diferentes, sendo: Poconé, onde ainda há garimpos ativos; nascente do Rio Paraguai, entre os municípios de Diamantino e Alto Paraguai, considerado um local intermediário para a presença do metal; e a Fazenda Descalvados, livre da atividade garimpeira.
Nos peixes são colhidas amostras no fígado ou sangue, já nas aves são analisados o sangue, penas e ovos, no jacaré, as unhas e escamas, e nos seres humanos o cabelo funciona como indicador. As amostras serão examinadas em laboratórios da Universidade Federal do Rio de Janeiro, que conta com equipamentos para determinar a concentração de mercúrio no material coletado.
“A forma mais tóxica do metal líquido pode atingir o homem e causas danos irreparáveis”, explicou o professor Josué Ribeiro da Silva. O metilmercúrio ataca o sistema nervoso, provocando distúrbios da visão e problemas de coordenação motora. A contaminação pode ser letal, se forem ingeridas altas quantidades de mercúrio.