O madeireiro Daniel Tenorio Cavalcanti, preso em Sinop, no dia 2 de Junho, na Operação Curupira, prestou novo depoimento hoje, em Cuiabá, ao juiz federal Julier Sebastião da Silva. Ele declarou que era coagido a pagar propina ao fiscal do Ibama José Carlos Mendes mesmo quando os caminhões que levavam madeira de sua empresa estava com a carga legalizada. Daniel voltou a confirmar o pagamento de propina ao fiscal. Só Notícias teve acesso a cópia do depoimento do madeireiro.
Ele explicou ao juiz que “teve um de seus caminhões transportando madeira, apreendido no posto do Trevo do Lagarto e mantidos na Delegacia de Polícia Civil de Meio Ambiente. Seu sócio Vanderlei Zaura foi à Cuiabá onde permaneceu quatro dias”. Daniel relatou que seu sócio lhe informou “que tinha resolvido o problema do Trevo do Lagarto acertando com o fiscal José Carlos Mendes que pagaria um valor aproximado de R$300 por cada caminhão que não fosse apreendido no posto do Trevo do Lagarto”.
Daniel afirmou que avisou “Vanderlei que o acerto não daria certo e iria trazer problemas”. Daniel Cavalcanti afirmou que o sócio comunicou o fiscal Jose Carlos Mendes não queria efetuar os pagamentos. O madeireiro afirmou ainda que o fiscal lhe telefonou dizendo que, “se pagamento não fosse feito, não trabalharia mais, pois apreenderia os seus caminhões”. Também em depoimento, o madeireiro Daniel Cavalcanti confirmou que “a quantia acertada foi paga, não se recordando o valor. O depósito foi feito na conta bancária de uma pessoa”, cujo nome o nome Daniel disse não se recordar.
Ele confirmou ainda que outras propinas foram pagas através dos motoristas dos caminhões. “Ficou acertado que toda vez que fosse passar um caminhão pelo Trevo do Lagarto, o fiscal José Carlos Mendes deveria ser avisado. Que sem o aviso, o caminhão era parado e apreendido, que os pagamentos eram feitos pelos motoristas, que recebiam o dinheiro de Vanderlei Zaura para entregar a José Carlos Mendes”. A propina saída da madeireira Daniel e Vanderlei. O fiscal, segundo Daniel, lhe telefonava quando o pagamento da propina atrasava.
Daniel Cavalcanti nega a conversa telefônica com o fiscal José Carlos Mendes, no dia 29 de outubro do ano passado e que não ofereceu a quantia de R$20 mil ao fiscal para que deixasse passar 52 caminhões com carga de madeiras irregulares.
Daniel Tenório Cavalcanti disse que tentou denunciar a cobrança de propina ao IBAMA, tendo inclusive ligado para Elvis Cleber Portela.
Em outro trecho do depoimento, Daniel nega que tenha pago “R$5 mil a pistoleiros para matar Luiz Duarte, nunca deu tiros nas ruas de Sinop e que nunca perseguiu servidores do IBAMA ou da Funai, usando caminhonetes”.
A Polícia Federal prendeu em Sinop 17 pessoas em Junho acusadas de fraudes, crimes ambientais, pagamento de propina e venda de documentos falsos para transporte de madeira. Ex-chefes do Ibama em Sinop, despachantes e o então superintendente estadual do Ibama Hugo Werle foram presos. A grande maioria responde processo em liberdade. Semana passada foi recambiado para a cadeia de Sinop o madeireiro Wilson Rosseto, de Colíder, também preso na Operação Curupira.
A Justiça Federal tem várias gravações de conversas telefônicas de envolvidos nos crimes.