Mesmo sem compra de dólares pelo Banco Central, o dólar encerrou em alta de 1% nesta quinta-feira, impulsionado pela preocupação com maiores aumentos na taxa de juros dos Estados Unidos.
O dólar terminou o dia cotado a R$ 2,292. Na máxima, a divisa norte-americana chegou a avançar 1,50%, para R$ 2,303.
“A gente está percebendo nos últimos dias que o mercado da dívida começou a realizar, a reverter posições nos títulos de emergentes por conta da probabilidade maior de aumento de juros nos Estados Unidos por causa das pressões inflacionárias”, comentou a diretora de câmbio da AGK Corretora, Miriam Tavares.
Nesta tarde, os títulos da dívida externa brasileira perdiam força, com os preços do Global 40 caindo mais de 2%. O risco-país, medido pelo banco JP Morgan, subia 21 pontos, para 386 pontos-básicos sobre os Treasuries.
Operadores acrescentaram que a preocupação com os juros dos Estados Unidos também afetou o movimento nas bolsas de valores.
Para Francisco Carvalho, gerente de câmbio da corretora Liquidez, “parece que está tendo uma aversão a mercados de emergentes… o mercado lá fora sentiu bastante essa preocupação maior com a inflação nos EUA”.
O presidente do Federal Reserve de Dallas, Richard Fisher, voltou a afirmar nesta quinta-feira que o núcleo da inflação norte-americana está perto do limite superior de tolerância do Fed.
Carvalho explicou que a preocupação do mercado não é de que haja uma aceleração no ritmo de aperto monetário nos Estados Unidos, mas sim de que a política de elevação dos juros seja mantida por mais tempo.
“E aí o cenário mundial tem um crescimento menor”, disse o gerente, acrescentando que o mercado passou a acompanhar nesta sessão outros fatores de pressão no câmbio além das compras do Banco Central.
Nas últimas sessões, os leilões de compra de dólares do Banco Central fizeram o dólar assumir uma curva de subida frente ao real, mesmo com a continuidade de ingresso de recursos.
Este foi o primeiro dia da semana em que a autoridade monetária ficou de fora do mercado.
Os analistas acreditam que o BC não atuou para não aumentar ainda mais a pressão no real, especialmente porque a autoridade monetária trabalha com o objetivo de recompor reservas internacionais e não de corrigir para cima a taxa do dólar.