O dólar encerrou a segunda-feira em alta de quase 1%, em uma sessão volátil devido a preocupações dos investidores com o cenário político.
A divisa norte-americana subiu 0,95%, para R$ 2,450. Na máxima do dia, a moeda subiu 2,06% e chegou a R$ 2,477.Segundo o gerente de câmbio de um banco estrangeiro, a atuação de exportadores na parte da tarde ajudou a conter o avanço do dólar.
“A alta do dólar foi muito em função da reportagem da Folha com o Roberto Jefferson”, afirmou Marco Antônio Azevedo, gerente de câmbio do banco Brascan.
Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, o presidente do PTB, Roberto Jefferson, acusou o tesoureiro do PT, Delúbio Soares, de entregar uma mesada de 30 mil reais a representantes do PP e do PL pelo menos até janeiro. Em nota oficial, o PT negou as denúncias feitas por Jefferson.
Segundo analistas, a preocupação política fez com que muitas tesourarias bancárias ajustassem as posições em dólar – o que acentuou a pressão sobre o câmbio, já que muitos bancos sustentavam grandes posições vendidas.
“O mercado já tinha precificado um pouco de risco político, mas hoje isso entrou mais no preço (do dólar)”, disse Azevedo. “Foi o aumento dessa percepção de risco que pressionou o câmbio.”
O volume negociado, de acordo com operadores, ficou levemente acima do registrado nas últimas sessões.
O dia negativo no mercado doméstico abateu outras moedas latino-americanas. O peso chileno encerrou no menor patamar em sete meses frente ao dólar, acompanhando a depreciação do real, e o peso mexicano também se enfraqueceu.
Operadores citaram ainda a performance negativa dos títulos da dívida brasileira e o aumento do risco Brasil como reforço para a desvalorização do real.
Nesta tarde, o risco-país, medido pelo banco JP Morgan, subia 14 pontos, para 430 pontos-básicos sobre os títulos do Tesouro norte-americano.
O gerente de câmbio do banco Prósper, Jorge Knauer, lembrou que as preocupações políticas influenciaram outros mercados brasileiro e a Bovespa chegou a cair 4%.
“Não é um movimento isolado do dólar, é um cenário ruim para todos os mercados.”