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Construção em Mato Grosso: reajuste salarial empurra inflação para o alto

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O Custo Unitário Básico (CUB), índice que demonstra a inflação no setor da construção, foi calculado em 3,33% no mês de agosto. Para o percentual elevado, recorde no ano, tem uma explicação: o reajuste de 8% que os trabalhadores do setor receberam na convenção coletiva de 2005. Como a convenção foi homologada apenas em agosto, somente no mês passado o reajuste – retroativo a maio – impactou a inflação. O valor global do CUB está em R$ 842,99 o metro quadrado.

Além dos dados sobre a mão de obra, o CUB – calculado pelo Sindicato das Indústrias da Construção do Estado de Mato Grosso (Sinduscon-MT) – também afere os preços da cesta básica de materiais. A engenheira civil do Sinduscon, Sheila Mesquita, realça que a cesta básica também teve alta considerável em agosto, com índice isolado de 1,15%. Ela alerta que, enquanto o impacto do reajuste de salários é sazonal, acontecendo todo ano nesta época e já sendo aguardado pelo setor, os aumentos da cesta básica são inesperados e surpreendem os empresários, até porque – sem mais explicações – estão ocorrendo em diversos meses.

Neste ano, por exemplo, as altas da cesta básica, isoladamente, superaram a marca de 1% já em maio, julho e agosto. Somando os percentuais nesses três meses, há uma alta de 4,54%, isso sem contar os aumentos inferiores a 1% nos demais períodos. Produtos de cerâmica e de acabamento vêm produzindo esse efeito em Mato Grosso. “Em Estados como São Paulo e Rio de Janeiro, o CUB está em queda, o que demonstra que os aumentos em Mato Grosso estão mais aquecidos”, compara Sheila.

Com o índice de agosto, o CUB neste ano já acumula uma alta de 8,11%, superando a marca dos oito meses iniciais de 2004 que era de 6,53%. “Não é possível saber ainda se a inflação de 2005 será superior à do ano passado. Vai depender da evolução dos preços da cesta básica”, diz Sheila. Já o acumulado nos últimos 12 meses chegou a 12,37%, índice quase igual ao verificado no mesmo período de 2004: 13,08%.

O cálculo do CUB segue uma referência construtiva: um imóvel de oito andares com apartamentos de dois quartos. Sheila lembra que o CUB é um índice básico, que analisa itens usualmente utilizados na maioria das construções. Por isso, itens diferenciais, como elevadores, instalações de ar condicionado e fundações especiais, não integram o cálculo. “Toda pessoa interessada em utilizar o CUB como referência deve se informar antes sobre a metodologia, ligando para o Sinduscon no telefone 3627-3020. A tabela completa do CUB está disponível gratuitamente no site do sindicato”, destaca.

A engenheira do Sinduscon também faz o cálculo do CUB para moradia popular. O índice de agosto – alta de 5,12% – pode provocar espanto, mas a explicação é justamente o impacto do reajuste de salários, que – no cálculo para casa popular – tem maior realce. A tendência é, nos próximos meses, o índice retornar para um patamar inferior a 1%, como ocorreu de fevereiro a julho. O valor global é de R$ 464,01 o metro quadrado, com índice acumulado de 6,88% nos últimos 12 meses.

Também influenciado pelo reajuste de salários, o “CUB – Galpão Industrial” teve alta de 3,44%, com valor global em R$ 299,20 o metro quadrado. O acumulado nos últimos 12 meses é de 5,15%.

Sheila ressalta que o CUB não deve ser comparados com outros índices inflacionários voltados ao setor da construção, sobretudo os emitidos pela Fundação Getúlio Vargas e pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Embora todos sejam índices sérios e respeitados, cada um possui metodologia e objetivos próprios.

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