O segundo grupo com maior afluência ao Museu do Louvre no ano passado foi o de brasileiros. Só perdemos para os americanos. Notícia auspiciosa. Turistas brasileiros que foram a Paris portanto voltaram enriquecidos. Devem ter entrado nas Galerias Lafayette para apreciar a arquitetura e não necessariamente para comprar. Estou festejando isso porque me dá uma tristeza muito grande ver gente que gasta dinheiro da passagem para ir aos Estados Unidos e Europa e volta sem ter acrescentado nada ao conhecimento, à cultura, ao espírito. Vêm de malas e sacolas cheias de compras que bem poderiam fazer em qualquer xópim brasileiro – e de cabeças vazias.
O Louvre recebeu, no ano passado quase nove milhões de visitantes – isso é o dobro do número de estrangeiros que visitam o Brasil. Embora tenhamos tantas maravilhas naturais, as dificuldades nos aeroportos já na chegada, nos táxis, no trânsito, a sujeira, o barulho, a desorganização das cidades e a insegurança espantam estrangeiros de países civilizados. Vêm uma vez e não voltam nem recomendam. Sobram os do turismo sexual. O Louvre e outras tantas atrações da Europa e Estados Unidos, China, Austrália ou Japão, mostram que tendo o que mostrar, basta se organizar para prestar bons serviços. Aliás, nem precisamos sair a América do Sul. Tenho ido ao Chile, Peru e Uruguai e observo que o turista é rei.
Se alguém vai à Europa e Estados Unidos só para fazer compras, é preferível ficar em casa. Imagine você na Itália sem ir ao Museu do Vaticano, sem ir a Florença e Pisa, sem conhecer Veneza ou Milão, ou Sorento, mas ficar ocupado com compras e mais compras… Certamente não vai ser diferente dos bárbaros que saquearam Roma. Aqui pertinho temos o deserto mais lindo do mundo, o Atacama e lá no extremo sul a patagônia – argentina ou chilena. Passear é desfrutar e aprender. Washington tem museus sensacionais – o que não se pode dizer de Brasília.
Não sei o que é pior: se ir para o exterior por compras ou se é limitar-se a comer lixo(junkfood) nas lanchonetes dos shopping malls. Uma viagem também é uma excursão gastronômica, para conhecer pratos e vinhos. Escolher o restaurante faz parte do roteiro de todos os dias. É mais caro? Mas isso não tem preço. Já ouvi o filósofo e palestrante Prof.Gretz perguntar mais ou menos assim: "Você trabalha o ano inteiro de sol a sol; o que sobra para você e sua família senão o prazer de uma viagem? E vai economizar com desconforto de viagem e hotel, comendo mal, aproveitando mal?". Eu acrescento: e vai desperdiçar o tempo dentro de lojas?