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O PT do PMDB

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Imagino o quanto os petistas autênticos devam estar sofrendo com essa transformação do partido. Era um partido ideológico e virou fisiológico, contaminado pelo poder. Impensável ter, na sua cúpula, mensaleiros, aloprados e, agora, aliados ferrenhos de Sarney, Renan e Collor. A Senadora Marina Silva, do alto de sua coerência e 30 anos de partido, caiu fora. O mesmo fez o senador Flávio Arns, envergonhado com o que acontece no Senado, a pedir desculpas para seus eleitores. Por falar em eleitor, o mais votado do país, senador Aloysio Mercadante, deixou na mão a maior parte de seus 10 milhões e 500 mil eleitores e dobrou-se à vontade do presidente Lula. Revogou a renúncia irrevogável e continuou na liderança, coma altivez perdida. O senador Paulo Paim calou-se, Suplicy é tolerado no partido apenas para dar uma fachada de credibilidade. Ideli e Delcídio entraram no bloco do sim-senhor, sem medo dos eleitores que vão enfrentar ano que vem.

            Lula, neste segundo mandato, dirige o partido com mão-de-ferro.  Não está atrelado ao PMDB, como muitos podem pensar, porque faz o que o PMDB quer. Está atrelado ao seu próprio projeto de poder, que é fazer a sucessora. Aí, vale elogiar Collor por intimidar Simon; curvar-se às ameaças de Renan, e, possivelmente, aliviar a Receita Federal sobre Fernando Sarney. Invadiu o Senado, mandou para as cucuias a independência entre poderes, submeteu o PT ao PMDB e salvou Sarney no Conselho de Ética. Nos fins-de-semana, apenas algumas dezenas de estudantes gritam “fora Sarney” em Brasília e em São Paulo. Os outros parecem fazer parte da UNE que, patrocinada pelo governo, também perdeu suas raízes. A oposição, de rabo preso, olha para os céus, através de telhado de vidro.

            A saída de Marina Silva é mais um abalo no terremoto que sacode o PT. Lula pretendia que a eleição presidencial fosse um plebiscito: quem gosta dele, vota em Dilma; quem não gosta, vota no candidato tucano. Com Marina, melou. E também com Ciro Gomes, que não caiu no canto de Lula, de ser candidato(paraquedista) ao governo de São Paulo. E também tem Heloísa Helena. Tudo divide as hostes lulistas. Aí, o presidente do IBOPE diz à Veja que a candidata de Lula não vai levar. Certamente sabe que Dilma não entusiasma nem os petistas. Talvez só os lulistas. Os petistas lembram que ela tem raízes partidárias no PDT gaúcho. E Dilma está enrolada com o caso Lina Vieira. O depoimento de Lina convenceu o Brasil inteiro, de que houve o encontro e o pedido negados pela ministra.

            O presidente do IBOPE lembra que Lula não tem transferido voto. Na eleição para governador, em 2006, à exceção da Bahia, o PT só venceu em estados pouco expressivos. Nas eleições para prefeito em 2008, nos 100 maiores municípios, o PT perdeu em quase todos. Com Lula e Dilma nos palanques. Por fim, é bom lembrar aos que construíram a barca de salvação de Sarney: 74% querem Sarney fora da presidência do Senado, como mostra o Datafolha. Quem apostar que pode desafiar a opinião pública, vai ter que esperar as eleições para ver.

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