segunda-feira, 29/abril/2024
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Democracia e alienação

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Alexandre Garcia

O Datafolha perguntou a pouco mais de 2 mil pessoas, em 147 municípios que regime preferem: democracia ou ditadura. Pois 140 disseram preferir ditadura; e 360 responderam que “tanto faz”. O resultado da pesquisa revela que apenas 71% preferem democracia, 7% ditadura e 18% não se importam com o tipo de regime. Se a pesquisa representar a população brasileira, temos apenas 71 em cada 100 brasileiros com mais de 16 anos a preferir a democracia. Creio que mesmo desses, não sejam todos os que realmente saibam o que é uma democracia, mesmo porque neste país a prática da democracia ainda é um arremedo. Democracia, por aqui, é mais rótulo que prática.

Os que estão satisfeitos com a “democracia” brasileira pensam assim porque não conhecem a prática e nunca a exerceram. Só poder votar não é democracia, embora seja um sinal dela. Na democracia tem que haver contato entre o representante e o representado, o que é raro por aqui. O eleitor logo esquece em quem votou. Não acompanha a atuação do seu vereador, deputado ou senador. E ainda há chefes de executivo que, depois de eleitos, se distanciam de seus eleitores e se vingam dos que votaram em seu adversário. Nos legislativos, os debates estão parecidos com brigas escolares, tal a puerilidade e ausência de argumentos. Os assuntos são abstrações, bobagens em geral, longe das grandes questões. Na Justiça Eleitoral, o eleitor é punido com a perda de seu voto, se votou em alguém que a justiça decide punir.

Uma nação não se valoriza nem se torna respeitada, se seus representantes agem como figuras caricatas, que conseguiram votos de quem não se importa com o destino de seus filhos e netos, como esses 18% para quem tanto faz democracia como ditadura. Os 7% a favor de ditadura, certamente não sabem o que é uma ditadura, onde o povo não tem voz nem liberdade. No entanto, esses eleitores contribuem para, com seu voto, dar mandatos a pessoas que não estão dispostas a pensar nos direitos alheios, apenas nos seus interesses, em geral financeiros. Representam uma ponderável quarta parte do eleitorado.

Quando se escolhe um homem público para gerir nossos impostos e administrar a prestação de serviços públicos para todos, idealmente o escolhido deveria ser altruísta, desprendido, disposto ao sacrifício pessoal. No entanto, o que vemos, são pessoas enriquecendo depois de eleitas e conseguindo privilégios para seus amigos e parentes. Acontece na democracia, mas é muito pior numa ditadura. Churchill disse que “a democracia é a pior forma de governo, exceto por todas as outras formas que já foram tentadas na história”. Só que para praticar democracia aqui no Brasil é preciso ensinar o que é democracia e mostrar as consequências da alienação. A democracia, por aqui, é um sistema carente de gente que a ponha a funcionar. 

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