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O império contra-ataca

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Os jornais noticiaram que a Escola Britânica, do Rio de Janeiro, desligou de uma excursão ao sul de  Minas Gerais três estudantes de 16 anos, sob a justificativa de que fumavam maconha no quarto onde estavam. Por algum motivo – que não creio ser solidariedade à maconha – a notícia é redigida de forma a condenar a escola. Até o alto preço da mensalidade é invocado e o princípio de ouvir os dois lados é posto de lado. Só aparecem declarações contrárias à escola. Um pai que não quis se identificar diz: “Meu filho foi tratado como criminoso. Ele não é e não vou admitir que façam isso com ele. O papel de uma escola é educar.”
   
O pai deve desconhecer que o papel de educar cabe primeiro aos pais. Educar e formar. Sou também pai de jovem e se meu filho fosse retirado de uma excursão por fumar maconha, eu iria condenar meu filho e não a escola. E iria me envergonhar por não ter sabido dar-lhe educação suficiente; e iria procurar saber se ele não estaria se refugiando na fumaça da maconha por causa de alguma carência em casa. Os pais vão processar a escola. O advogado contratado diz, no Estadão: “Os algozes foram insensíveis, arbitrários e vão pagar por isso.”
   
Quem já pagou pela maconha – certamente o dinheiro dos pais dos jovens – também pagou pela compra de alguns cartuchos para fuzil. Talvez do Complexo do Alemão ou da Vila Cruzeiro. Quem sabe o dinheiro da maconha vá matar alguém do BOPE? Ou sustentar alguma bala perdida que vá tirar a vida de alguma criança da escola na favela da Maré? O jornal também ouviu uma educadora da PUC e sindicalista: “A repressão não serve de exemplo nem educa os alunos”. Ela se referia à escola, mas a frase pode ser muito bem aplicada aos morros cariocas. Nada de repressão. Deixem que o tráfico tome conta de corações e mentes que o sustentam.
   
O que se nota, no episódio, é o contra-ataque do império da droga. Seu poder está no binômio traficante-usuário – um sustenta o outro, como uma relação de hospedeiro e parasita, que se estuda na escola. Como escreveu Lya Luft, em sua página na Veja: “Sempre que um de nós fuma, cheira ou injeta, está fazendo continência a um traficante. Está pagando a bala que vai matar alguém. Enquanto consumirmos drogas, eles continuarão donos da festa.”  A luta é difícil, porque o lado de cá está cheio de quinta-colunas .

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