Fernando Henrique já está conversando com a cúpula da campanha de Marina. Ela deve logo anunciar sua preferência pessoal. Em Pernambuco, onde ela venceu com 48% dos votos e Aécio ficou com apenas 6%, o governador, do PSB, e o eleito, do mesmo partido, a viúva, os filhos e o irmão de Eduardo Campos apóiam Aécio no segundo turno. Aliás, foi uma coligação do PSB com o PSDB, entre outros partidos, que elegeu o mais votado do Brasil em primeiro turno, Paulo Câmara. E Paulo Câmara teve como adversário Armando Monteiro, apoiado por Dilma e Lula. E não custa lembrar, que o vice de Alkmin, também eleito em primeiro turno, é PSB. O vice de Marina, Beto Albuquerque, já disse que “não leva desaforo para casa” e anunciou que vai dar o troco em Dilma. O presidente nacional do PSB, Roberto Amaral, ex-ministro de Lula e ex-diretor da Itaipu Binacional, ligado a Dilma, ante essa disposição do restante do partido, vem falando em “neutralidade”.
Tudo isso indicaria para onde vão os mais de 22 milhões de votos dados a Marina? Claro que não!. Eleitor de Marina não é eleitor de cabresto. Marina não tinha cestas básicas para distribuir; apenas idéias. Eleitor de Marina não é fisiológico; é idealista. Não serão decisões de cúpula partidária, nem mesmo de Marina, que imporão os rumos de seus eleitores no segundo turno.
Suponho que uma boa parte escolheu Marina como voto útil para dar um basta no que tem sido feito nesses 12 anos de governo do PT – gente que viu em Marina o instrumento mais forte para isso, pois ela já era conhecida desde a eleição anterior, de onde traria 20 milhões de votos. Gente também que foi para Marina porque faz parte de uma esquerda não-fisiológica, parecida com o PT original, e pretendia, com ela, livrar o país das impurezas. Uns e outros – eleitores do voto-útil e eleitores do voto-limpeza – é que vão decidir agora, sem cabresto, para que lado vão pôr o peso de seus 22 milhões de votos. Em que proporção vão um ou outro lado, ainda é mistério.
Enfim, está começando o segundo turno e Dilma já apontou seus ataques, pela internet, contra Aécio. Marina já decidiu que se Aécio assumir seus objetivos na Educação e no Ambiente e concordar em derrubar o princípio da reeleição, ela apoiará o tucano. Os duros ataques contra Marina no primeiro turno, agora podem sair pela culatra no turno decisivo.