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Acolhida de Maduro

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Alexandre Garcia

Minha candidata ao Prêmio Nobel da Paz é a Operação Acolhida. Desde junho de 2018 já entraram no Brasil mais de 800 mil venezuelanos, que deixaram seu país natal por causa da fome e perseguições políticas. Segundo o órgão de refugiados da ONU, já deixaram a Venezuela 7 milhões de pessoas, a maioria indo para a Colômbia, porque é vizinha e tem a mesma língua. Os que vieram para o Brasil pela Operação Acolhida, em geral chegaram famintos, subnutridos, doentes e foram alimentados, tratados e encaminhados, do extremo norte do Brasil, para os estados brasileiros, para terem vida digna para si e família. O Exército Brasileiro cumpriu uma honrada missão humanitária nessa operação. Por isso, foi estranho ver gloriosos Dragões da Independência, do 1º Regimento de Cavalaria de Guardas, formados em alas, apresentando lanças para honrar o causador do êxodo de venezuelanos, Nicolás Maduro, enquanto subia a rampa do Palácio do Planalto. 

O povo venezuelano já foi feliz. Tinha a maior renda per cápita da América latina; eram os “sauditas” sulamericanos do petróleo; o combustível, lá, era quase de graça; só dirigiam carrões americanos; abarrotados de divisas, importavam o que de melhor havia no mundo. Mas veio Hugo Chaves e seu bolivarianismo, uma versão sul-americana de marxismo. Se Marx não deu certo na União Soviética, em cerca de 70 anos de poderes divinos sobre as pessoas, por que não daria certo na América latina, onde a memória do povo não tem Tolstói para contar a História? Quem sabe um Bolívar revisado? Com isso, destruíram a Venezuela. Chaves morreu há dez anos e Maduro é seu sucessor, com esse Bolívar de propaganda, que contrasta o Bolívar libertador.

Hugo Chavez inventou uma união de países sulamericanos para ver se por aqui viceja o marxismo. A UNASUL foi criada em 2008 por ele, com o apoio de Lula. Não sobreviveu ao estatuto do Mercosul, que exige democracia de seus integrantes. Como Lula não exige isso de Evo, de Ortega nem de Maduro, quer recriar a UNASUL, talvez com outro nome. Doutor Goebbels fazia isso, tal como antes fizeram os bolcheviques. Troca o nome e faz o mesmo. É o que pretende fazer com os presidentes visitantes, depois da recepção especial com que celebrou Maduro ontem, no Palácio do Planalto e no Itamaraty. 

O Doutor Freud estudou o mecanismo de fuga, com seus pacientes em Viena. Lula foge das questões internas que não consegue resolver, viajando. China, Japão, Europa, Estados Unidos… e agora Brasília, reunindo vizinhos para propor a paz no mundo e a bem-aventurança na América Latina. Não consegue se impor, como gostaria, ao Congresso Nacional, porque ainda vive na primeira década do milênio. Mas sonha com liderança externa e gera propaganda com essa reunião em Brasília. Áulico não falta para aplaudir o argumento dele de que há preconceito contra Maduro, numa narrativa sobre as consequências de seu governo.  Só que a realidade não está em Brasilia, na boca de Lula, mas em Pacaraima, com a Operação Acolhida mostrando o que acontece além da fronteira com a Venezuela.

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