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Pesquisadora aponta alerta máximo para a alta incidência de doenças da soja em MT

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Só Notícias/Agronotícias (foto: arquivo/Modesto Félix Daga)

Quando se trata de doenças da soja, tudo que o produtor rural e sua equipe puderem fazer é muito válido, pois não há uma única recomendação técnica que garanta a melhor estratégia de controle. De acordo com fitopatogistas algumas ferramentas de manejo dos fatores limitantes da produção estão perdendo eficiência em razão da seleção das pragas e dos fungos resistentes.

A redução da eficácia de controle de qualquer fungicida que ajude a classe produtora no manejo do complexo de doenças impacta diretamente na produtividade das plantas de soja. Para especialistas no assunto o momento é de alerta diante dos problemas fitossanitários.

“A variabilidade dos resultados dos ensaios em rede tem sido muito alta em razão da variabilidade dos fungos nas diferentes regiões. Muitos produtores não enxergam a consequência da resistência porque o escape da principal doença que é a ferrugem tem sido alto pelo plantio de soja precoce no início da safra, mas a eficiência dos fungicidas para o controle dessa doença vem reduzindo a cada safra”, afirmou Claudia Vieira Godoy, pesquisadora da Embrapa Soja.

Outras doenças que não eram problemas antes têm surgido em uma frequência maior em consequência da intensificação de plantio, sucessão com culturas que muitas vezes hospedam o mesmo fungo como soja e algodão e da redução de controle em função da resistência. Segundo Claudia, essa situação só tende a aumentar nas próximas safras para os fungicidas sítio-específicos por apresentarem alto risco de resistência e pelas mutações estarem se acumulando no genoma dos fungos.

No uso de fungicidas, além da rotação de produtos, a adoção de fungicidas multissítios deve ser feita para tentar atrasar o processo de seleção de resistência de acordo com Ivan Pedro Araújo Junior, pesquisador da Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso, Fundação MT. “Outro alerta é para a necessidade de integração de ferramentas e tecnologias para assegurar maior longevidade das moléculas no campo e consequentemente sustentabilidade da cadeia, com liquidez e renda ao produtor.”

Na palestra no XIX Encontro Técnico Soja Fundação MT, que terminou sexta em Cuiabá, foram apresentados os desafios do ponto de vista climático e fitossanitário para a sojicultora. De acordo com Erlei Melo Reis, professor da Universidade de Buenos Aires, o manejo das doenças da soja deve ser integrado, portanto o uso de fungicidas apenas, não garante o controle sustentável das doenças e pode aumentar os casos de resistência. “Só o controle químico não resolve.”

Portanto a redução do risco de resistência deve incluir, conforme os três pesquisadores, todos os métodos de controle de doenças dentro do programa de manejo integrado. “É importante utilizar sempre misturas comerciais formadas por dois ou mais fungicidas com modo de ação distintos, como também aplicar doses e intervalos recomendados pelo fabricante.  Os fungicidas devem ser usados preventivamente. As aplicações em alta pressão de doença e de forma curativa devem ser evitadas. Sugiro também a não utilização dos mesmos modos de ação e ingredientes ativos em sequência e a limitação do número de aplicações ao longo da safra”, reforçou Claudia Godoy.

Os três pesquisadores participaram do painel de doenças abordando sobre a ocorrência, as causas e as estratégias de controle. Eles apresentaram os resultados gerados através da pesquisa na safra 18/19. Explicaram os conceitos de resistência de fungos aos fungicidas, porque acontece, mostraram como isso afeta a eficiência dos fungicidas no controle de doenças e o que pode ser feito para retardar esse processo contínuo de seleção de indivíduos menos sensíveis.

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