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Embrapa desenvolve tecnologia pioneira em fertilizantes

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Pesquisa realizada em laboratório da Embrapa desenvolveu tecnologia pioneira no país de fertilizante completo. Trata-se de película formada por micronutrientes, em grande concentração que recobre de forma homogênea grânulos dos macronutrientes nitrogênio, fósforo e potássio, conhecidos pela sigla NPK. Com isso, o agricultor terá um produto completo para aplicar na lavoura com nutrientes balanceados e potencial de aumentar a produtividade e reduzir aplicações de fertilizantes.

A inovação é fruto de uma década de estudos desenvolvidos no Laboratório Nacional de Nanotecnologia aplicada ao Agronegócio (LNNA) da Embrapa Instrumentação (SP), que lidera a Rede AgroNano. Da rede participam pesquisadores de universidades de todas as regiões do país e de mais de 50 empresas. A pesquisa envolveu a empresa Produquímica/Compass Minerals, para quem a formulação foi licenciada em 2017.

O trabalho envolveu pesquisadores do laboratório da Embrapa e da unidade da Produquímica, em Suzano (SP), que já desenvolvia micronutrientes com quantidades destinadas a diferentes tipos de culturas. “Conseguimos desenvolver uma suspensão estável para os fertilizantes que a empresa já desenvolvia na forma sólida, em pó, com a qual não é possível fazer recobrimento direto”, conta a coordenadora da pesquisa na Embrapa Instrumentação, Elaine Cristina Paris.

A novidade foi apresentada com o nome comercial de MicroActive na 10ª Fertilizer Latino Americano (FLA), nesta semana, em São Paulo. Considerado o principal evento do setor de fertilizantes, a conferência anual tem a participação de inscritos de mais de 50 países.

Elaine Paris explicou que a formulação pode reduzir o número de aplicações de fertilizantes, impactando diretamente nos custos da produção agrícola, além de ter o potencial de fornecer as condições ideais de nutrição para as plantas. “A formulação pode aumentar a produtividade, uma vez que o fornecimento de macro e micronutrientes de modo simultâneo permite às plantas produzirem próximo ao seu potencial genético”, acrescenta.

A tecnologia chega pouco mais de um ano depois da Instrução Normativa 46 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), que dispõe sobre regras para uso de fertilizantes minerais destinados à agricultura. De 22 de novembro de 2016, a instrução requer soluções referentes à homogeneidade de aplicação de micronutrientes e garantia de composição.

Líder da Rede AgroNano, o pesquisador da Embrapa Caue Ribeiro diz que o material desenvolvido tem a função de recobrir a superfície do grão, que vai ser usado para levar o outro fertilizante junto. “Tinha de ser uma capa de alta aderência na superfície que não se desprendesse quando fosse aplicada. Não poderia sair”, conta. O resultado foi um produto altamente concentrado em micronutrientes que pode ser aplicado diretamente em fertilizantes NPK, sem a necessidade de aditivos.

A formulação tinha que ter ainda quantidade próxima ou adequada, o que corresponde à proporção de duas partes de micronutriente para cada uma de macronutriente, a fim de que a planta receba todos os elementos de que precisa de forma balanceada.

“Esse foi o maior desafio da pesquisa, colocar um nutriente sobre outro sem perder a adesão ao longo do tempo, que conseguisse manter a proporção correta, ser de fácil aplicação e ainda homogêneo. Juntos, desenvolvemos uma fórmula com componentes amigáveis, que não agride o meio ambiente”, lembra o pesquisador.

A complexidade da equação se deve, sobretudo, ao fato de o produtor ter de aplicar o fertilizante na lavoura em grande quantidade, dependendo do tamanho da plantação. De acordo com Ribeiro, a dosagem inicial deve ser a mesma sempre até o final da aplicação. “A pesquisa consistiu basicamente em encontrar essa formulação, o correto balanço dos componentes e fazer os ajustes”, diz.

Desenvolvida no âmbito da Rede AgroNano, composta por mais de 150 pesquisadores e com o apoio da Rede FertBrasil, a pesquisa teve início em 2013, a pedido da Produquímica, mas focada no desenvolvimento de uma suspensão de nanopartículas de óxido de zinco (ZnO), como rota tecnológica alternativa para recobrimento de fertilizantes comerciais. A FertBrasil reúne aproximadamente 130 pesquisadores de mais de 20 centros de pesquisa da Embrapa tendo como parceiras 73 instituições de pesquisa e extensão e 22 empresas privadas do ramo de fertilizantes.

De acordo com a Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda), de janeiro a dezembro de 2017, o mercado de fertilizantes no Brasil consumiu mais de 34 milhões de toneladas. O país é o quarto maior consumidor do insumo no mundo, e importa 75% do total utilizado.

Os fertilizantes são adubos sintéticos ou naturais que disponibilizam nutrientes vitais para o bom desenvolvimento das plantas, sendo classificados de acordo com as quantidades exigidas por elas, em duas categorias: os macronutrientes compreendem o nitrogênio (N), fósforo (P), potássio (K), enxofre (S), magnésio (Mg) e cálcio (Ca). Já os micronutrientes são o boro (B), cobre (Cu), manganês (Mn), zinco (Zn), molibdênio (Mo), ferro (Fe) e cloro (Cl).

Segundo o pesquisador Caue Ribeiro, o fertilizante está para a planta como as vitaminas estão para o organismo humano. “Se o indivíduo não tiver determinadas vitaminas, ele não vai conseguir acessar o nutriente. O que muda é a forma com que esse nutriente é levado para a planta. Ela precisa na realidade do íon metálico, do zinco, por exemplo. Sem ele, a planta não acessará o macronutriente, mesmo que este esteja presente no solo ”, explica. Os micronutrientes cumprem esse papel. “A pesquisa conseguiu disponibilizar esse elemento dentro da formulação do fertilizante”, finaliza o líder da Rede AgroNano.

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