O agricultor Antonio Galvan, da chapa “Aprosoja Decidida”, acaba de ser eleito presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja). Ele obteve 1.251 votos (53,48%) e o produtor Elso Pozzobon, de Sorriso, 1.088 (46,52%). A apuração terminou, há pouco, na sede da entidade.
Estavam aptos para o voto 5.137 associados na sexta eleição da entidade.
O voto é direto, secreto e não obrigatório. Todos os cargos são voluntários e não remunerados. Cerca de 2.300 associados compareceram às urnas para escolher seus representantes para o triênio 2018/2020. De acordo com o novo estatuto da entidade, agora os mandatos serão de três anos.
Galvan e Pozzobon fazem parte da atual diretoria, presidida por Endrigo Dalcin (que apoiou Pozzobon) mas não houve consenso e ambos decidiram ir ao pleito.
A comissão eleitoral tem até sete dias para oficializar o resultado das eleições. Foram escolhidos também mais de 100 delegados, que são os representantes da Aprosoja nos municípios. “O processo eleitoral foi democrático e transparente. O que chamou a atenção foi a menor participação dos associados, o que faz com que a entidade reflita. Mas tivemos uma renovação bastante grande. Por ser uma entidade nova, temos que cada vez mais aperfeiçoar o modelo”, afirma Glauber Silveira, presidente da Comissão Eleitoral, através da assessoria.
Durante o processo, Galvan prometeu, que, caso fosse eleito presidente, cobraria ações contundentes em temas de interesse do setor agrícola no Estado. “Não houve consenso de chapa única por divergência de ideias. Principalmente, em relação a temas polêmicos que a gente tem há muitos anos e não se faz uma ação de cobrança de forma mais contundente”, resumiu ao Só Notícias/Agronotícias.
Ele citou como exemplo, a situação do Fundo Estadual de Transporte e Habitação (Fethab), imposto que, como o próprio nome diz, foi criado para financiar obras de infraestrutura e habitação no Estado. “O governo cria a lei e obriga a gente depositar o recurso. O Estado arrecadou, este ano, entre R$ 900 milhões e R$ 1 bilhão. E ainda estamos com grave problemas nas estradas. Este imposto está sendo usado para outro fim. Tem regiões que você não consegue ir, como Colniza e Juruena. É absurdo! As pessoas querem ter o direito de ir e vir, de transportar seus produtos, mas o recurso está sendo desviado para outra finalidade e ninguém faz nada”.
Outro exemplo dado por Galvan é a cobrança sobre a classificação dos grãos no Estado. “Hoje há um dilema muito grande na classificação: há divergência de entendimento sobre o grão que está avariado e o que não está. A gente tem que clarear o entendimento. Eu não posso aceitar que um classificador diga que está avariado e outro diga que não está. Tem que ter normativa mais clara. É uma ação política junto ao Ministério da Agricultura. Temos pesquisas que mostram que o grão avariado é aproveitável. Tem que haver remuneração para o produtor. A empresa não pode levar de graça. Infelizmente, a comissão da Aprosoja responsável por este assunto, em dois anos, não fez nada”.
Galvan também prometeu, na ocasião, que pretendia trabalhar pela interiorização da entidade. “Lá atrás, falamos de fazer uma Aprosoja mais voltada ao produtor, às demandas, estar mais presente. Interiorizar a entidade. Isso caiu no esquecimento”, afirmou, complementado que pretende “tomar posição contundente para salvaguardar os direitos dos produtores”.
Criada em 2005, a Aprosoja é uma entidade do terceiro setor que faz a representação política de classe dos agricultores que plantam soja e milho no Estado. Todos os cargos de liderança que compõem sua governança são ocupados por produtores rurais voluntários, de forma não remunerada.