O período que proíbe as queimadas em Mato Grosso, que terminaria no dia 15 deste mês foi até o dia 15 de outubro, de acordo com a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema). Apesar da proibição, que começou em 15 de julho, os focos de calor no Estado aumentaram 6,6% com relação ao mesmo período do ano passado. Entre primeiro de janeiro e 23 deste mês, o satélite referência do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) detectou 21.418 focos, contra 20.091 registrados no mesmo intervalo de tempo em 2014.
Segundo o Instituto Centro de Vida (ICV), se for analisado apenas os focos registrados durante o período de proibição, ou seja, quando a Sema não emite autorizações para a queima legal, o número também cresceu: foram 15.754 este ano e 14.043 no ano passado.
Os mais de 20 mil focos de calor estão distribuídos em várias regiões do Estado, mas atingem, principalmente, Colniza (1.766 focos) e Cotriguaçu (583 focos). Esta região concentra grandes áreas de florestas nativas, mas é considerada a nova fronteira agropecuária, pois registra também os maiores índices de desmatamento no Estado. Colniza, por exemplo, teve uma alta de 204% no desmatamento entre julho do ano passado e agosto deste ano.
Ainda com relação as queimadas, outros cinco municípios mato-grossenses registram mais de 500 focos de calor, segundo o Inpe: Nova Bandeirantes, Santa Terezinha, Comodoro, São Félix do Araguaia e Aripuanã.
As queimadas em áreas rurais ainda são usadas para manejo de pastagens degradadas ou para limpeza de áreas recém-desmatadas. Esse crime ambiental tem pena que pode variar de seis meses e quatro anos de prisão, com multas de R$ 7,5 mil (vegetação nativa) ou R$ 1 mil (pastagem e agricultura) por hectare queimado. Em áreas urbanas, as queimadas são proibidas o ano inteiro, mas os municípios também têm dificuldades para combater essa prática e as ocorrências são abundantes.
A preocupação não está apenas nos números, pois as consequências das queimadas são sentidas pela população de modo geral, que sofre com problemas de saúde. A prova é o Boletim da Vigilância da Qualidade do Ar da Sema, divulgado, ontem, que apontou que cerca de 80% dos municípios mato-grossenses está com a qualidade do ar inadequada, com limites de material particulado no ar bem acima do nível considerado permitido.