sexta-feira, 19/abril/2024
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Corrupção sem freios

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Agora é o Ministério do Turismo. Ontem foi o Ministério da Agricultura. Anteontem, o dos Transportes. A impressão é de que haverá um amanhã e um depois-de-amanhã, nessa corrupção sem freios. A Polícia Federal prendeu o número dois do Ministério do Turismo com base em dados do Tribunal de Contas da União. É no TCU que há suspeitas até sobre o Exército, que vinha sendo considerado instituição digna de crédito. Contratos da Engenharia com o DNIT repassados para empresas de militares da reserva, amigos e parentes. Não se sabe onde isso irá parar.

Confesso que não me surpreendo com as prisões no Ministério do Turismo. Afinal, num país com tanto potencial para turismo termos esse fiasco de gastarmos 16 bilhões de dólares no exterior e os estrangeiros só gastarem 6 bilhões aqui, é porque somos incompetentes ou jogamos verba de turismo na corrupção. O caso da Operação Voucher se refere a projetos no Amapá. "Amapá? – perguntou-me um amigo. Que áreas temos por lá para atrair turistas?" O Projeto Jary, talvez… Enfim, como se surpreender de fatos assim num Ministério em que o ministro, recém escolhido, fazia festas num motel maranhense com dinheiro público?

Qual o limite da nossa capacidade de nos escandalizarmos? Parece infinito. Não há tempo para entendermos um esquema de corrupção e já aparece outro. A nova Presidente ainda não teve tempo de governar, pois vai dormir com um escândalo e acorda com outro. E tudo vem de longe. Ela, no coração do governo anterior, ainda assim aceitou ser candidata. Como se não bastasse ter que administrar uma doença, veio a crise econômica importada e a doença da corrupção endêmica. E epidêmica. Muito pior que o mosquito da dengue.

Parece que isso é rotineiro e com metástase. Sempre houve propina, negociatas, mas tinham medo e vergonha. Hoje o corrupto pede comissão abertamente. Recebe no próprio ministério. Há décadas, era numa agência bancária obscura na avenida W3 e o corrupto morria de medo de ser flagrado pelo governo militar e enquadrado sumariamente em crime contra a pátria, contra o estado, contra o dinheiro do povo. Hoje nos perguntamos se alguém vai ser condenado e vai devolver o que furtou dos nossos impostos. Furtou não; roubou. Porque é ato feito com violência, embora sem sangue. Preso ontem, vai estar solto amanhã. E gozando a vida. Gozando de nós todos, contribuintes calados.

 

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