Uma média de 7 a 8 celulares são apreendidos por dia dentro dos presídios em Mato Grosso. De janeiro a maio deste ano, já são contabilizados 1.098 aparelhos que entrariam nas unidades nas mais diversas formas ou já apreendidos com os presos. Entre os principais meios usados para os telefones chegarem às mãos dos criminosos estão os alimentos, em partes do corpo, drones e produtos. Os aparelhos são a principal forma dos detentos se comunicarem com as organizações criminosas para a prática de crimes e dos líderes continuarem dando ordens.
Conforme o Sindicato dos Servidores Penitenciários do Estado de Mato Grosso (Sindspen), esses celulares apreendidos esse ano representam apenas uma parte e as apreensões seriam maiores se houvessem mais investimentos em tecnologia e em pessoal dentro do sistema penitenciário. Atualmente, são 2.625 agentes penitenciários para atender 54 unidades espalhadas em todo Estado. O principal desafio para a categoria é estar à frente da tecnologia avançada do crime organizado, que por vezes consegue burlar o sistema.
Nas revistas de rotina para a visita na Penitenciária Central do Estado (PCE), por exemplo, os agentes detectaram uma vez, ao passar pelo scanner, que um dos órgãos do visitante não aparecia. Foram mais 3 tentativas e ainda assim não foi possível enxergar o órgão. Com a suspeita de que algo estava errado, a pessoa foi encaminhada para um exame de corpo e delito, onde as suspeitas foram confirmadas e os celulares e drogas encontrados nas partes íntimas.
Presidente do Sindspen Jacira Maria da Costa explicou que esse episódio causou preocupação, já que o crime organizado mais uma vez conseguiu de alguma forma burlar o sistema de revista. “Não sabemos como, mas a situação demonstra que já conseguem enganar o scanner, isso é realmente preocupante”.
Conforme Jacira, os criminosos estão sempre inovando nas formas pensadas para terem acesso aos aparelhos. Ela conta que celulares já foram encontrados no estômago, nos cabelos, dentro de fraldas descartáveis de criança, dentro de frutas, dentro de bolos, e até mesmo em eletrodomésticos como na última quinta-feira, quando um freezer recheado com 84 celulares foi descoberto por agentes na PCE, em Cuiabá. Além dos aparelhos, o eletrodoméstico tinha fones de ouvido e carregadores. Segundo informações, o homem que fazia a entrega deixou o eletrodoméstico no local e fugiu após ser questionado sobre a nota fiscal, e para quem seria o freezer.
No fim de maio, os agentes também encontraram 21 celulares, carregadores e fones de ouvido dentro de recipiente com feijão cozido que seria servido para presos. A empresa que fornece alimentos foi notificada e será investigada. Dois funcionários foram presos. Ainda em maio, um drone e 3 aparelhos celulares foram apreendidos.