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Secretaria começa pelo médio-norte pesquisa inédita sobre hantavirose

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O Estado de Mato Grosso inicia uma pesquisainédita no país, na área da hantavirose, no município de Campo Novo do Parecis. O projeto, denominado “Dinâmica populacional de roedores silvestres eo grau de infecção por hantavírus na Microrregião do Médio Norte do Estado de Mato Grosso” terá a assessoria do médico americano, cientista e conhecedor da hantavirose em seu país, James Mills, que pertence ao Centro de Controle de Doenças de Atlanta, Estados Unidos da América. A equipe é formada, também, pelo pesquisador do Ministério da Saúde, Mauro da Rosa Elkhoury, consultor
técnico da hantavirose da Secretaria de Vigilância em Saúde do ministério e por técnicos de Mato Grosso.

Na quarta-feira, às nove e trinta da manhã, os pesquisadores
apresentarão ao secretário de Estado de Saúde, Augustinho Moro, numa reunião
técnica, a estratégia e metodologia do projeto. A reunião será aberta à
imprensa.

A pesquisa financiada pelo Ministério da Saúde e pelo Estado de Mato Grosso
será desenvolvida por etapas e surgiu da necessidade constatada no ano de
2001, quando foi identificada, na região de Campo Novo do Parecis, uma espécie
de roedores denominada Bolomys Lasiurus. A partir daí, em especial nos anos de
2003, 2004 e 2005, aumentaram os casos de contágio humano por hantavirose. Os
aumentos aconteceram durante o ano inteiro, sem qualquer sazonalidade
definida, ou seja, constatou-se a presença constante do rato, o que levou a
Secretaria de Vigilância em Saúde do MS a pensar nesse projeto de pesquisa
para o qual foi convidado o cientista James Mills para dar assessoria técnica.
A segunda etapa do projeto está marcada para começar em março de 2006.

Mato Grosso, por ser um Estado peculiarmente agrícola, tem áreas bem definidas
de casos notificados de hantavirose, circunscritos principalmente à região do
Médio Norte, nos municípios de Tangará da Serra e Campo Novo do Parecis. O que
o pesquisador James Mills pretende fazer, já em dezembro de 2005, será o
levantamento preliminar do problema, in loco, e o treinamento específico para
os servidores municipais que também participarão do trabalho de pesquisa.
Serão colocadas entre 400 e 600 armadilhas em quatro áreas do município de
Campo Novo do Parecis, durante sete noites. Os animais capturados serão
anestesiados e terão a sorologia, e vísceras (pulmão, coração, rim, baço e
fígado) coletados para analise e pesquisa.

A hantavirose é uma zoonose transmitida por ratos silvestres através das fezes
e urinas desses animais. Em contato com o ar as fezes desses roedores secam e
se transformam em aerosóis (em forma de poeira). Quando pessoas fazem a
limpeza de galpões, silos, paióis ou mesmo em áreas de lazer, colheita ou
plantio, essa poeira se mistura ao ar que as pessoas respiram e elas ficam
contaminadas com o vírus. De 1999 a 2005 foram notificados e confirmados 51
casos de hantavirose no Estado de Mato Grosso. Desses, 30 casos, foram
tratados com êxito e 21 vieram a óbito.

Segundo o técnico da Vigilância Epidemiológica de Ses, responsável pelo
agravo, Aparecido Alberto Rodrigues Marques, “em 2001 foi feito uma captura de
roedores nos municípios de Tangará da Serra, Campo Novo do Parecis e Nova
Olímpia. Foram capturados 136 roedores, dos quais oito estavam infectados com
o vírus hanta, sendo dois deles capturados em Campo Novo e seis em Tangará da
Serra”.

No ano de 2002 foi feito um inquérito sorológico onde foram colhidas 440
amostras de sangue de pessoas que moram na zona rural dos três municípios
acima citados. O percentual de infectados (pessoas que tiveram contato com o
vírus e a doença não se manifestou) foi de 8%. “No Brasil não existem casos
confirmados de transmissão pessoa a pessoa, somente por meio do contato do
homem com as fezes e urina dos ratos silvestres”, afirmou.

Durante os anos de 2003, 2004 e 2005 foram capacitados em torno de 50 médicos
para tratamento e diagnóstico da hantavirose, principalmente do interior do
Estado já que a doença é exclusivamente de área rural.

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