Com problemas de superlotação e falta de equipamentos, o Pronto Socorro de Várzea Grande (PSMVG) é considerado uma das unidades de urgência e emergência mais precárias do Brasil. A informação faz parte de um relatório, elaborado por um grupo de deputados federais, que entre os meses de setembro de 2011 e dezembro de 2012 visitou oito unidades nas cinco regiões do país. Com base no documento, os parlamentares, integrantes da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, pretendem discutir formas de aumentar os gastos com Saúde e garantir a eficiência nos recursos aplicados.
O PS foi visitado pela comissão em dezembro do ano passado. Desde então, afirma a vice-presidente do Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso (CRM-MT), Maria de Fátima Carvalho Pereira, os problemas permanecem inalterados. "Informações que recebemos dos profissionais que lá atuam mostram que ainda falta material para as cirurgias, até mesmo os mais básicos, o mesmo ocorrendo com as medicações. Claro que isso interfere no atendimento à população".
A médica destaca que diversas inspeções foram feitas na unidade, no sentido de verificar os problemas e apontar soluções que tornassem o Pronto Socorro melhor para profissionais e pacientes, mas que as obras feitas não resolveram os problemas. "Já tivemos que tomar uma medida extrema no PS, a interdição ética, para que mudanças fossem feitas. Ocorre que as obras ocorrem de forma bem demorada e, quando o atendimento é retomado, os mesmos problemas aparecem". Quando os deputados estiveram na unidade, o PS estava com algumas interdições médicas.
Outro problema apontado pelo relatório é a superlotação. Durante a inspeção, os parlamentares conversaram com vários pacientes que estavam em situação precária, alojados nos corredores do PS. Alguns em cadeiras quebradas, contavam que aguardaram horas para ser atendido e, mesmo assim, não reclamavam das condições. "Esta é uma situação grave. A Saúde está tão precária que já é normal buscar atendimento em várias unidades sem conseguir, esperar horas em filas intermináveis e não ter a medicação. Então, as pessoas acabam se acostumando com isso, com este caos, com o descaso. Quando são atendidas, parece que esquecem tudo o que sofreram para conseguir este atendimento".
Para a vice-presidente do CRM, os problemas verificados no Pronto Socorro são também fruto de um sistema ineficiente, uma vez que a mesma precariedade é verificada nos Postos de Saúde da Família (PSFs), policlínicas e outras unidades, que deveriam fazer o primeiro atendimento. "É inadmissível a segunda maior cidade de Mato Grosso não possuir uma maternidade. Só isso mostra as falhas na rede e, é claro, que isso acaba refletindo no PS, sempre atendendo acima da capacidade".