Medicamentos ficarão mais caros a partir de 1º de abril. O reajuste máximo previsto pela indústria farmacêutica para este ano chega a 2,84%, abaixo dos 4,76% aprovados em 2017. São adotados 3 níveis de correção, sendo o mínimo de 2,09% e intermediário de 2,47%. Os percentuais ainda serão oficializados pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (Cmed), em reunião prevista para a próxima semana. A divulgação será feita pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) por meio de publicação no Diário Oficial da União (D.O.U.).
No total, cerca de 19 mil medicamentos estão sujeitos a reajuste. O percentual de aumento médio é o menor dos últimos 12 anos, segundo a Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma). Em 2005, a correção média foi de 6,10%, chegou a 12,50% em 2010 e retraiu para 2,63% no ano passado. Para este ano, a média de aumento prevista é de 2,46%.
A variação anual estimada pela entidade é baseada na fórmula de cálculo adotada pela Cmed. Como componentes para o cálculo são consideradas a variação inflacionária, a produtividade da indústria farmacêutica, a concorrência de mercado, a oscilação cambial e a despesa com energia elétrica. Desde 2005 o Índice de Preço ao Consumidor Final Amplo (IPCA), que mede a tendência da inflação no país, acumula alta de 117%. Neste período, os medicamentos encareceram 82%, segundo o presidente -executivo da Interfarma, Antônio Britto.
Para a aposentada Maria José de Souza, 67, os preços atuais dos medicamentos já pesam no orçamento. Cardíaca, ela também compra remédio todo mês para controlar a pressão arterial. Esta semana foi surpreendida por um vendedor que a alertou sobre o aumento oficial dos medicamentos programado para daqui 23 dias. “Ele me disse que a previsão é aumentar 6%”. Pediu ajuda aos filhos e comprou o suficiente para 2 meses. Com isso, gastou R$ 400. “Tenho que controlar muito bem os gastos para conseguir comprar os remédios, porque sou aposentada. Acho muito caro”. No caso dela, um dos medicamentos que custa R$ 135 ficará R$ 3,83 mais caro com a incorporação do reajuste máximo de 2,84%.
Antecipar a compra do medicamento em função da previsão de reajuste não é comum entre os consumidores, até pela limitação financeira da maioria. Mas, as farmácias reforçam o estoque e repassam o aumento aos poucos, afirma o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos de Mato Grosso (Sincofarma), Hamílton Teixeira. Ele lembra que medicamentos são os únicos produtos comercializados no país com preços regulados pelo governo e por isso o reajuste é anual. Com a regulação, o governo estabelece um valor máximo, mas os preços serão parametrizados pela concorrência de mercado. Com isso, o consumidor pode encontrar o mesmo medicamento com preços diferentes, complementa o presidente-executivo da Interfarma, Antônio Britto.