O Estado terá, a partir no primeiro semestre de 2006, um laboratório apropriado para
realizar exames de compatibilidade que permitirá o fortalecimento e aceleração do
processo de transplantes de rins em Mato Grosso. Já para o transplante de medula
óssea o prazo fica sendo março de 2006. A informação partiu do superintendente da
Central Estadual de Regulação do Sistema Único de Saúde (Cer/SUS), Vander Fernandes,
que anunciou a possibilidade de realizar, com o novo laboratório, o transplante de
coração. O Estado já realiza transplantes de rins, córnea e enxerto ósseo. O
laboratório de exames de compatibilidade está sendo construído junto ao Hospital
Geral Universitário (HGU).
O cronograma dos transplantes necessita de um laboratório de confiança para
realização dos exames de compatibilidade. Se não for compatível com o organismo da
pessoa que vai receber o transplante o órgão, sendo um corpo estranho ao organismo
do indivíduo, poderá sofrer rejeição e não trará nenhum benefício ao receptor. A
Secretaria de Estado de Saúde tem cadastrados, na Central de regulação(CerSUS),
cerca de 720 pacientes ativos esperando um transplante de rim.
Pacientes ativos são pessoas que precisam de um transplante e têm todas as condições
clínicas de receber o novo órgão. Pacientes inativos são os que não têm condições
clínicas, ou não querem ser transplantados. No ano passado 27 pacientes receberam
transplantes de rim nos hospitais de Mato Grosso. Já em 2005, até o mês de outubro,
26 transplantes foram realizados. “Em Cuiabá realizamos transplantes de córneas, de
rins e enxerto de osso”, lembrou Vander Fernandes.
O superintendente explicou que as famílias dos que sofrem de morte encefálica podem
ser de grande ajuda, nesse caso: “Para que se faça o transplante é necessária a
autorização da família do doador. Essa é uma medida determinada em Lei para evitar a
comercialização de órgãos”. A autorização é indispensável nos dois casos em que a
doação é possível: na morte por parada cardíaca, em que pode aproveitar as córneas
do prospectivo doador, e na morte encefálica, quando é possível doar as córneas, a
pele, os ossos, o coração, o pulmão, o fígado, os rins e o pâncreas.
A Lei de Doações de órgãos já passou por duas alterações no último ano. No final de
2004 foi decidido que o transplante de córneas tem de passar por um novo roteiro
antes de sua realização: retira-se a córnea do doador, após se obter a autorização
familiar, e ela passa pelo crivo de um Banco de Olhos sendo então liberada para o
transplante. “Em Cuiabá”, informou Vander Fernandes, “estaremos usando o Hospital de
Olhos como órgão verificador da qualidade das córneas”.
Em setembro de 2005 ficou decidido, pela Portaria GM 1752, que todo estabelecimento
de Saúde com mais de 80 leitos é obrigado a ter uma Comissão Intra-hospitalar de
Transplantes que irá notificar à Central Estadual de Regulação os casos de morte. Em
Cuiabá já possuem comissões o Hospital Geral Universitário (HGU), a Santa Casa de
Misericórdia e a Amecor,Pronto Socorro Municipal de Cuiabá. No Hospital do Câncer,
Hospital Jardim Cuiabá e Hospital Universitário Júlio Muller, segundo Vander
Fernandes, essas comissões estão em fase de andamento.
Vander Fernandes pediu a ajuda das famílias para os casos de autorização de doação
de órgãos. “É uma situação muito delicada, em que as emoções estão naturalmente à
flor da pele”, explicou. Ele comentou que a cultura, as convicções religiosas e
outros fatores influem muito nas decisões, especialmente nos casos de morte
encefálica: “Para se atestar a morte cerebral é obrigatória a avaliação de um
neurologista clínico ou de um neurocirurgião, além dos exames de Doppler craniano e
do eletro encefalograma, que decidem se há morte encefálica ou não”