terça-feira, 30/abril/2024
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Casos de Aids aumentam em Mato Grosso em cinco anos

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Pelo menos uma pessoa descobre ter Aids por dia em Mato Grosso. Neste ano, o número de casos da doença notificado no Estado já chegou a 435 até outubro, o equivalente a 1,4 casos por dia. Em cinco o anos, o número de pessoas com a doença já chega a quase quatro mil em todo o Estado e os diagnosticados com o vírus HIV, de 2010 a 2015, já é de 1.015, dos quais 59,5% são homens.

Coordenadora da Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Estado de Saúde (SES), Flávia Guimarães explica que o não uso da camisinha é um dos principais motivos que levam à contaminação e que o crescimento de pessoas contaminadas pelo vírus HIV pode estar diretamente ligado aos avanços da medicina no tratamento da doença.

Ela lembra que há alguns anos atrás, o HIV e a Aids eram diretamente associados a uma morte sofrida do paciente, mas hoje os tratamentos conseguem dar ao doente uma melhor qualidade de vida. “Antes a doença era associada ao emagrecimento e a uma morte sofrida. Hoje um paciente com Aids muitas vezes já não morre pela doença e sim por outros motivos”.

Nesse sentido, a coordenadora destaca que muitas pessoas, a maioria jovens, deixam de lado a conscientização da importância da prevenção e se arriscam sem pensar nas consequências. Guimarães lembra que a população precisa se sensibilizar quanto à importância do uso do preservativo, em todos os tipos de relação sexual e para a importância também do diagnóstico precoce.

Segundo ela, a pessoa não precisa apresentar nenhum sintoma para fazer o exame. Basta que tenha tido algum comportamento de risco, como qualquer tipo de relação sexual desprotegida ou compartilhamento de seringas. Ela destaca que o quanto antes a doença for detectada, melhores são os resultados do tratamento e que para isso estão disponíveis em toda rede pública de saúde testes rápidos, que em 15 minutos já apontam o resultado. “É preciso ter essa consciência de que se houve uma relação sexual sem proteção é possível sim ter o HIV”.

A médica infectologista do Hospital Júlio Müller em Cuiabá, Talita Amorim de Arruda, também afirma que os dados estaduais são preocupantes, mas lembra que mais preocupante ainda são dos dados do último boletim epidemiológico do Ministério da Saúde divulgado em 2013, que estimou que 718 mil pessoas viviam com HIV no Brasil, dos quais 20% ainda não haviam sido diagnosticadas. “Isso nos dá uma dimensão de como a doença tem se espalhado”. Arruda explica que HIV é a sigla em inglês do vírus da imunodeficiência humana, que ataca o sistema imunológico das pessoas. “Ter o vírus HIV não é a mesma coisa que ter Aids”.

Segundo ela, muitas pessoas convivem anos com o vírus sem desenvolver sintomas ou doenças, mas podem transmitir o vírus através de relações sexuais desprotegidas, uso de seringas contaminadas ou de mãe para o filho durante a gravidez ou amamentação. “Só podemos falar que uma pessoa tem Aids, quando o vírus HIV já atacou o suficiente o sistema imunológico a ponto de causar sintomas ou determinadas doenças ou quando o CD4, que é a célula onde o vírus se multiplica, tem seu número bastante reduzido”.

Dificuldades – Apesar das várias campanhas realizadas em épocas específicas, como a do carnaval, e de muitos defenderem que o HIV/Aids é uma doença muito discutida no país, a médica acredita que muito ainda precisa ser feito em relação à conscientização. “As campanhas somem da mídia e voltam apenas no carnaval. Isso precisa mudar”. É o que pensa também o professor, de 29 anos, que não quis ser identificado. Ele descobriu que tem Aids há dois anos, quando percebeu que algo estava errado com seu organismo. “Comecei a emagrecer sem motivos e também a estar sempre doente, foi quando me atentei em fazer o teste e descobri que já estava com Aids”.

De acordo com ele, o choque foi grande e o desespero também. “Eu fiquei muito triste e confuso. Mas aí contei com a ajuda de amigos para dar a volta por cima”. Ele lembra que os governos, assim com a imprensa, têm deixado a desejar quanto ao tratar sobre a doença, que na maioria das vezes só é lembrada na época do carnaval, o que contribui em muito para também, propagar o preconceito. “Fica parecendo que você pega Aids apenas no carnaval e que todos aqueles que têm a doença são pessoas arruaceiras, baderneiras a fim de apenas de sexo sem proteção”.

Na opinião do professor, se o assunto fosse tratado com maior frequência e de forma correta, como um problema social, a discriminação quanto ao doente seria menor e talvez a contaminação também sofresse uma significativa redução. “Hoje, por exemplo, para assumir publicamente que tem Aids, que tem o HIV, é preciso muito mais que coragem, é preciso também forças para enfrentar muito preconceito”.

Segundo ele, após descobrir a doença, um outro desafio surgiu, que foi encontrar apoio social para enfrentar a Aids. “As pessoas dizem que preconceito é coisa passada, mas não é. A gente é tratado com indiferença, com desconfiança e até mesmo marginalizado”. Ele lembra ainda que a falta de uma associação que lute pelos direitos dos pacientes com Aids e HIV tem deixado muitos desamparados. “Muitas pessoas, quando descobrem a doença, não têm a quem recorrer, não sabe o que fazer e por onde começar. Nesse ponto, nós em Mato Grosso, especificamente em Cuiabá, estamos muito desamparados”.

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