Um depoimento à Justiça Federal mostra que parlamentares tinham o hábito de trocar créditos de passagens entre si, algumas vezes sem o conhecimento de todas as partes envolvidas. A ex-gerente de contas da Varig, Jussara Gomes de Souza, 53 anos, em depoimento à 12ª Vara Federal em Brasília, confirmou que uma requisição de passagens da então deputada Thaís Barbosa (PMDB-MT), suplente de Lino Rossi, tinha sido falsificada. Ela foi avisada pela pela supervisora da empresa, Elaine Pontes. O ofício concedia um crédito de passagens de R$ 300,00 a Pedro Damião, dono da agência Morena Turismo e ex-funcionário da Varig e do gabinete do deputado Pompeu de Matos (PDT-RS). À época, Jussara procurou a deputada Thaís Barbosa, que não reconheceu sua assinatura no documento. A funcionária da Varig alertou-a de que possíveis fraudes poderiam estar acontecendo em outras companhias aéreas. Depois, Jussara solicitou aos funcionários da loja da empresa na Câmara que confirmassem despesas com milhagens.
Foi aí que descobriu que uma passagem internacional para José Amando, marido de Thaís Bergo, saiu da cota do deputado Francisco Turra (PP-RS). A deputada disse desconhecer o fato, mas Turra disse que sabia o que estava fazendo. O parlamentar gaúcho afirmou a Jussara, segundo o depoimento, que pensava “estar ajudando” a colega. Foi Marlon Reis, assessor de Lino Rossi e de Thaís, quem teria pedido o “empréstimo” aos servidores do gabinete de Turra.
O processo criminal que tramita na 12ª Vara Federal de Brasília acusa o ex-deputado Lino Rossi (PP-MT), o ex-assessor parlamentar Marlon de Araújo e o agente de viagens Pedro Damião Rabelo de estelionato, peculato e crime contra a administração pública. O interrogatório de Jussara aconteceu no dia 28 de maio e é o último andamento relevante da ação penal que tramita desde 2007.