O empresário Vadir Piran, que ficou preso no Centro de Ressocialização da Capital, por 32 dias, alvo da 4ª fase da Operação Sodoma e ganhou liberdade após pagar uma fiança de R$ 12 milhões, não tem qualquer interesse em firmar um acordo de colaboração premiada junto ao Ministério Público Estadual. A afirmação é do advogado Marcelo Chaú, que embora não seja o defensor de Piran na esfera criminal, integra a banca jurídica que atua em defesa dos interesses da família Piran. Ele fez a declaração, esta tarde, no Fórum de Cuiabá ao acompanhar o empresário na audiência admonitória e na colocação da tornozeleira eletrônica, quando Piran foi advertido sobre as medidas cautelares impostas pela juíza titular da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, Selma Rosane Santos Arruda.
“Não existe possibilidade de delação. Não há discussão sobre isso. Há muita confusão em relação aos termos, na questão de colaboração. Ele só adotou até previamente a postura de cooperação e esclarecimento dos fatos relativos a pessoa dele”, declarou.
Dos alvos da 4ª fase da Operação Sodoma, deflagrada no dia 26 de setembro deste ano, Piran é o único que já está em liberdade. “Na verdade ele está cooperando, não tem o mínimo interesse até porque não há o que ser falado além daquilo exclusivamente o que envolve a pessoa dele dentro do processo. É importante ressaltar que tanto o Ministério Público como a própria juíza entenderam que ele não faz parte do suposto grupo criminoso ou quadrilha, e que inclusive em razão disso também, um dos fatores que acabou ocasionando a soltura”.
As investigações da Polícia Civil por meio da Delegacia Fazendária e do Ministério Público Estadual descobriram um esquema de cobrança de propina no valor de R$ 15,8 milhões envolvendo a desapropriação de um terreno no bairro Jardim Liberdade, em Cuiabá, que custou aos cofres do Estado o total de R$ 31 milhões.
O Ministério Público diz que Valdir Piran recebeu R$ 10 milhões de Silval Barbosa, dinheiro esse oriundo do valor desviado na desapropriação do imóvel. O ex-governador chegou a dever R$ 40 milhões ao empresário, resultado de dívidas políticas, motivo pelo qual eles brigaram em setembro de 2014 dentro do gabinete do então governador. O motivo é que Silval estaria enrolando o empresário e não efetuava os pagamentos.
O advogado Marcelo Chaú minimizou as acusações contra Piran e destacou sua postura empresarial. “O Valdir é um empresário de sucesso que está no mercado há 26 anos estabelecido, um empresário que gera negócios, fomenta indústrias, fomenta uma série de outras atividades econômicas e contribui fundamentalmente com o sucesso naquilo que lhe toca, o sucesso da economia. E, por isso, que ele assume essa postura de esclarecimento dos fatos, de separar o joio do trigo, de separar o que atribuem à imagem dele e que de fato não existe”, afirmou.
Sobre a dívida de R$ 40 milhões que Silval tinha com Piran, e eles supostamente brigaram no gabinete do então secretário chefe da Casa Civil, Pedro Nadaf, em setembro de 2014, cujos detalhes briga, inclusive, constam na sentença que decretou as prisões preventivas dos investigados na 4ª fase da Sodoma, Piran nega que tenha existido a desavença. "A mídia às vezes coloca muita notícia que não existe. Agora você imagina um governador do Estado dentro do palácio, ele tem toda uma segurança da Polícia Militar e Civil. Então, só chama a polícia e fala 'olha algema e leva embora' ”, rebateu,
Sobre o empréstimo que fez a Silval, Piran diz que não foi em período de campanha eleitoral. “Não estava [em período de campanha]. Já expliquei isso pra justiça. Estou aqui pra colaborar com a justiça e tem as medidas cautelares”, disse. Por fim, Valdir Piran confirmou que, de fato, não tem interesse em assinar um acordo de delação premiada.
(Atualizada às 17:58h)