Darci José Vendoin e seu filho Luiz Antônio Vendoin acusaram, em depoimentos feitos ao juiz Jéferson Schneider, da 2ª Vara da Justiça Federal em Mato Grosso, e também a CPMI dos Sanguessugas que a senadora Serys Slhessarenko, do PT, e candidata ao Governo de Mato Grosso, de estar envolvida no esquema de pagamento de propina da venda de ambulâncias superfaturadas. Os recursos eram assegurados através de emendas parlamentares.
Tanto o pai, Darci como o filho, Luiz Antônio, donos da Planan e o sócio Ronildo Medeiros confirmaram que a senadora, através de seu genro (nome não foi divulgado) recebeu R$ 30 mil em uma das transações feitas com a Planan para a liberação de verbas superfaturadas na compra de ambulâncias para o interior do Estado.
A senadora, entretanto, nega qualquer tipo de envolvimento com a Planan. Serys foi enfática ao ser abordada sobre as denúncias. “Virgem Maria! Eu tenho certeza que nunca fui beneficiada com o dinheiro da Planan” – afirmou.
Além da senadora mato-grossense os empresários Darci José Vendoin, Luis Antônio Vendoin e Ronildo Medeiros denunciaram mais dois senadores, Magno Malta, do PL do Espírito Santos e Ney Suassuna, do PMDB da Paraíba. Segundo os empresários Magno Alves ganhou um carro de presente enquanto Ney Suassuna recebeu uma quantia não revelada.
O vice-presidente da CPI dos Sanguessugas, deputado Raul Jungmann (PPS-PE), confirmou que há indícios de envolvimento de pelo menos três senadores no esquema de compra de ambulâncias e equipamentos hospitalares com dinheiro de emendas parlamentares. Jungmann, entretanto, não quis confirmar os nomes de Serys Marli, Magno Alves e Ney Suassuna, que citados pelo empresário Luiz Antônio Vedoin e seu pai Darci José Vendoin, da Planam, principal empresa do esquema, em seu depoimento à Justiça e confirmados por Ronildo Medeiros e Darci Vedoin, outros dois empresários do esquema.
A CPI já sabe que 62 parlamentares passaram a integrantes do esquema suas senhas exclusivas fornecidas pelo Ministério da Saúde para controle e acompanhamento de projetos para compra de ambulâncias e equipamentos. “Não é uma prova cabal de envolvimento, mas esses parlamentares têm que se explicar”, diz Jungmann. Segundo o deputado, os empresários informaram ainda à CPI que contavam com a ajuda de integrantes “de médio escalão” do Executivo.
Darcy Vedoin revelou aos integrantes da CPMI que também fez negócios com o Ministério das Comunicações, na compra de ônibus para o programa de inclusão digital. Ele ressaltou, no entanto, que a comissão centrará foco somente nas denúncias relativas aos ministérios da Saúde e de Ciência e Tecnologia. O deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) disse que os depoimentos colhidos possibilitaram uma visão geral do esquema de fraudes.
De acordo com Gabeira, é razoável afirmar que há 60 deputados envolvidos. Ele considera que os depoimentos servem para completar a visão de como funcionam as fraudes investigadas pela Operação Sanguessuga.
O deputado assinalou ainda que nenhum dos depoimentos é tão importante quanto o do empresário Luiz Antônio Trevisan Vedoin, que presta depoimentos na segunda vara federal de Cuiabá até quinta-feira. Gabeira informou que a comissão deve receber até o final da semana o relatório sobre esses depoimentos. “Quando estivermos de posse das informações sobre esses depoimentos, não serão necessários outros”, avaliou.
A delegação em Cuiabá também é composta pelo presidente da comissão, deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ); pelo vice-presidente, deputado Raul Jungmann (PPS-PE); pela deputada Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) e pelos senadores Sibá Machado (PT-AC) e Heloísa Helena (Psol-AL).