A comissão da câmara municipal de acompanhamento do processo de instalação da Usina Hidrelétrica Sinop entregará, na próxima segunda-feira, o relatório que está sendo elaborado há cerca de quatro meses, quando vereadores começaram a ouvir representantes da empresa, parceleiros da Gleba Mercedes, produtores rurais, técnicos e engenheiros florestais, biólogos, peritos e advogados especializados no tema. Entre outros pontos, o texto deve apontar conclusões em relação às indenizações e os vereadores identificaram que a usina tem pago valores abaixo do valor de mercado, justificado por perícia judicial e por outros pagamentos já identificados. “São valores muito aquém do valor de mercado, que se aproxima do justo”, declarou o relator Hedvaldo Costa, através da assessoria.
O segundo apontamento diz respeito à supressão vegetal. Inicialmente, a usina tiraria 22 mil hectares de vegetação que serão alagados. Com o decorrer do processo, a empresa conseguiu diminuir esta área para 8,6 mil hectares, o que, segundo o produtor Marcelo Martins, é um retrocesso que ultrapassa as questões ambientais. “Esse vegetal fica debaixo da água mais ácida e isso prejudica a sobrevivência dos peixes, aumenta o risco de doenças e causa prejuízos econômicos, pois diminui a arrecadação de impostos municipais e estaduais, além de ser um desperdício de madeira que poderia ser aproveitada pelo setor de base florestal”, explicou Martins.
Os vereadores ainda vão apontar que são necessárias adequações viárias devido ao alagamento, citando a necessidade de construir uma ponte no local da balsa Atlântica, e a necessidade de a usina aumentar a compensação ao município, que atualmente é de R$ 6 milhões, para R$ 60 milhões. “A compensação de Sinop é vergonhosa para um município que terá o maior dano ambiental de todos”, alertou Hedvaldo.
O presidente da comissão, Luciano Chitolina, enfatizou que apesar de o relatório apresentar tais apontamentos, o legislativo não é contrário à execução da obra. “O relatório mostra que reconhecemos os benefícios da construção para a economia do município e para a geração de energia no Brasil, mas estamos preocupados com a população de Sinop e os impactos gerados por um empreendimento destas proporções”, declarou.
A assessoria também acrescenta que, após a apresentação no legislativo, o relatório com os apontamentos será entregue e protocolado no Ministério Público Federal.