"Temos que resolver o Código Florestal sem exageros e sem transformar a questão em dogma, religião ou reserva de mercado", defendeu a senadora Kátia Abreu (DEM-TO) ao cobrar dos que se auto-intitulam "únicos defensores do meio ambiente" que debatam o assunto com ela nas comissões temáticas do Senado. Um dos temas que a senadora quer tratar é a "reserva legal", um dos pontos mais polêmicos do código em votação na Câmara dos Deputados.
A senadora disse que o Brasil é o único país no mundo que dispõe de um instrumento chamado de reserva legal, que é uma área localizada no interior de uma propriedade rural que não pode ser utilizada para a produção. Kátia Abreu lembrou que a reserva legal surgiu em 1934 como uma forma de o Brasil preservar uma reserva de madeira para utilizar como matéria-prima para a produção de carvão, a principal fonte de energia da época.
Para Kátia Abreu, uma reserva ambiental, para ter sentido, tem que permitir os fluxos dos animais para possibilitar que eles procriem e também servir para a multiplicação das plantas. A reserva de pequenos pedaços de terra em cada propriedade rural, na sua avaliação, não contribui de forma alguma para a preservação do meio ambiente. A senadora opinou que mais válido seria o governo federal criar parques nacionais de conservação, pagando pela desapropriação de terra de produtores.
Caso os produtores brasileiros sejam obrigados a reduzir sua produção de carne, frutas, arroz e feijão para criar uma reserva legal, a senadora considera que o Brasil estará cometendo uma injustiça e se comportando com hipocrisia, já que terá que importar alimentos outros países cujos produtores não são obrigados a reservar parte de suas propriedades.
"O Brasil tem preservados 56% de sua cobertura original nativa. Se é pouco ou muito, não sei. Mas qual a cobertura original dos países das ONGs que estão nos criticando? Em toda a Europa a cobertura original nativa é inferior a 1%. Por que as ONGs não exigem reserva legal dos países europeus?", indagou Kátia Abreu.