A cassação do seu mandato, unânime do Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso (TRE) e ratificada por 6 a 1 no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), por abuso de poder econômico e prática de Caixa 2, ainda não foi digerida pela ainda senadora Selma Arruda (Podemos), que, em rara entrevista para a coluna de Guilherme Amado, da revista Época, disse que foi “injustiçada” num processo que andou “na velocidade da luz” e cujo critério foi o de “fazer a coisa mais rápido”. Também reconheceu o esforço do colega de partido, senador Álvaro Dias, e demonstrou decepção com o presidente Jair Bolsonaro, que, segundo ela, foi “foi absolutamente omisso”.
Selma revelou que assistiu ao julgamento do TSE, no último dia 10, de sua casa em Brasília e revelou decepção com a justiça. O maior problema foi a celeridade do processo, que em menos de um ano cassou seu mandado. Segundo ela, não houve tempo suficiente para análise das provas, o que teria influenciado o voto do ministro do TSE, Og Fernandes, e, por consequência, o dos demais que acompanharam o relator, com exceção do ministro Edson Fachin, cujo voto a fez sentir-se “com a alma lavada”.
A ex-magistrada não soube dizer se teve ajuda do ministro da Justiça, Sérgio Moro, mas foi enfática ao dizer que da família Bolsonaro não fez nada que a beneficiasse. Também revelou decepção com a extrema-direita, com quem não “soube conviver” e disse que não volta para Mato Grosso. Seu plano é permanecer em Brasília e trabalhar com o Podemos numa possível candidatura de Álvaro Dias para a presidência.
“Estou inelegível por oito anos. Não me vejo mais na política, pelo menos não na linha de frente. Quero continuar trabalhando para o Podemos e ajudando os senadores do grupo Muda Senado. Vou continuar nos bastidores. Eles não ganharam a guerra. Só a batalha”, declarou.
“Minha meta é fortalecer o partido. O Álvaro Dias tem tudo para ser o presidente do Brasil. O Brasil vai acordar e perceber que nenhum dos dois extremos é bom. Nem direita, nem esquerda. E o Podemos pode surgir nesse cenário de caos como um partido ponderado. Não consegui conviver com a extrema-direita”, completou.