O relator da CPI da Crise Aérea, deputado Marco Maia (PT-RS), afirmou há pouco que a transcrição da caixa-preta do jato Legacy que colidiu com o Boeing da Gol, em setembro do ano passado, mudou radicalmente o entendimento que se tinha sobre as culpas da tragédia. A transcrição das gravações foi obtida, na sexta-feira, pela CPI e apresentada nesta manhã pelo deputado Vic Pires Franco (DEM-PA). De acordo com Maia, o conteúdo demonstra claro desconhecimento dos pilotos do Legacy sobre o equipamento. “Foi a primeira vez que tive acesso à caixa-preta. Se pudesse apontar um responsável pelo acidente, seriam os pilotos”, declarou Maia.
Isso significa uma mudança na opinião do relator, que há duas semanas considerava que os elementos obtidos demonstravam uma maior responsabilidade dos controladores de vôo pelo acidente. Marco Maia admite essa mudança de opinião. Segundo o relator, em algumas passagens da gravação, os pilotos demonstram a intenção de desligar alguns equipamentos e de solicitar informações ao técnico da Embraer, fabricante da aeronave, que estava presente no vôo.
Apesar de imputar aos pilotos a maior responsabilidade pelo acidente neste momento, Marco Maia reafirmou a disposição da CPI de ouvir o depoimento dos dois, Joseph Lepore e Jean Paul Paladino. A CPI já enviou pedidos formais nesse sentido ao Ministério da Justiça e ao Itamaraty.
Hoje pela manhã, o controlador de vôo Lucivando Tibúrcio de Alencar leu um manifesto da categoria que responsabiliza os pilotos do jato Legacy e os equipamentos de controle de tráfego pelo acidente que matou os 154 ocupantes do Boeing da Gol em setembro do ano passado. Segundo o manifesto, os controladores são pessoas capazes, preparadas e dispostas ao trabalho, mas estão sendo julgadas de maneira sensacionalista e sem direito a defesa.