O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Mato Grosso, Francisco Faiad, cobrou ontem, em Sinop, apuração rigorosa das denúncias e acusações feitas por João Arcanjo Ribeiro, condenado a 37 anos de prisão, e apontado como chefe do crime organizado em Mato Grosso, contra deputados estaduais e outros políticos que fizeram empréstimos em suas factorings. Arcanjo chegou a cobrar, em entrevista, os deputados José Riva e Humberto Bosaipo dizendo que há uma dívida de R$ 15 milhões e que corrigida chega a R$ 40 milhões. Riva nega e chamou Arcanjo de “mentiroso”. Cheques da Assembléía Legislativa, quando os deputados eram secretário e presidente, respectivamente, foram descontados na factoring de Arcanjo.
A OAB quer que sejam abertos inquéritos para apurar as acusações contra todas as pessoas mencionadas por Arcanjo. “Principalmente, os políticos, que são aqueles que recebem da população uma procuração para defender os seus interesses, e infelizmente usam do recurso público para loclupetar-se (enriquecer-se por meios nada honestos). Esses devem ser investigados em dobro e a punição ser a mais severa possível, pois além de cometerem os crimes descritos no Código Penal, praticam o crime da lesa Pátria, que é tirar das nossas crianças e população o direito à escola, saúde, educação, habitação”, criticou, sem mencionar nomes.
Faiad está participando de um encontro com presidentes das subseções do Estado, em Sinop. Este também será um dos assuntos que serão discutidos durante o encontro, em que devem participar cerca de 24 presidentes das subseções da OAB no Estado. “Vamos delinear questões internas da advocacia mato-grossense e questões que envolvem a sociedade do Estado do Mato Grosso”, acrescentou o presidente.
Dentre as questões citadas por ele estão a previdência do advogado, a campanha de valorização da advocacia, que tem como objetivo o fortalecimento do advogado perante as instituições democráticas e públicas do país. “Externamente vamos discutir o impeachment do presidente da República, que será votado na segunda-feira no Conselho Federal, em que os nossos representantes levarão a posição desse colégio, e vamos também discutir também a crise do agronegócio”, completou.
De acordo com Faiad, serão discutidos as formas que a OAB pode contribuir para minimizar os problemas que têm afetado não só os produtores, mas toda a sociedade. “O que nós devemos nos preocupar e será motivo de discussão são com os excessos. Nós não concordamos com os excessos. Concordamos com as reivindicações, com a luta, com a crítica que tem sido feita à questão econômica do Governo Federal, mas nós também vamos dizer que não concordamos com fechamento de agências bancárias, com a proibição do direito de ir e vir do nosso cidadão, com o trancamento das rodovias”, ressaltou.
Francisco Faiad disse que reconhece os problemas que estão afetando toda a região, como o aumento no desemprego, e, conseqüentemente, o aumento nos índices de criminalidade. “O aumento da criminalidade está relacionado às questões sociais. E uma das questões sociais que mais faz eclodir a criminalidade é o desemprego. Estando desempregado, sem renda e sem salário, parte para o crime para sustentar-se e a seus filhos. Então é uma das graves conseqüências da crise econômica que está passando”, afirmou.
O encontro dos advogados prossegue hoje e encerra amanhã, ao meio-dia, com a elaboração de uma carta, com as conclusões do colegiado. “Nos reunimos para discutir os problemas do advogado do interior, para sabermos quais são as dificuldades do advogado, que estão longe da capital, e também para discutirmos os assuntos sociais que envolvem essas regiões”, concluiu.