O futuro presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Rui Ramos Ribeiro, pretende administrar o Poder Judiciário no biênio 2017/2018 focado na prática jurisdicional. Em entrevista coletiva concedida após a eleição realizada pelo Tribunal Pleno, o desembargador afirmou que sua gestão será voltada para o pragmatismo e para a prestação de serviços, que é dever do Poder Judiciário.
“Nossa expectativa é sempre voltada para o pragmatismo. Não adianta fazermos ideologias, muitas ideias futuristas, que disso todos nós estamos cansados. Precisamos de aspectos práticos, que se cumpra o que é possível de se cumprir. Buscaremos um trabalho diuturno, simples e eficaz”.
Rui Ramos Ribeiro ressaltou que o Judiciário é um Estado de caráter social e não um Estado político-eleitoral, como o Executivo e o Legislativo, e por isso deve cumprir seu papel diante da sociedade. “Eu tenho um serviço a prestar à comunidade, tenho direitos constitucionais e infraconstitucionais e eles seguramente serão exigidos. Todas as medidas – judiciais ou não – serão tomadas porque eu não posso ser apenas um garantidor de salário dos servidores e magistrados. Tenho um trabalho a prestar a todos”.
Um dos aspectos mais esperados pelos servidores do Poder Judiciário de Mato Grosso com a eleição da nova diretoria é o diálogo. Quanto a isso, o presidente eleito externou uma preocupação especial e garantiu que dará atenção a todo o quadro funcional do PJMT. “Os servidores são heróis anônimos. Desconhecemos os servidores que estão nas comarcas, que estão na ponta. Também não conheço todos os magistrados. São pessoas que estão ali em uma luta tremenda, porque essa modificação mostrada no Justiça em Números não foi por milagre, foi por trabalho diário, foi por esforço dessas pessoas e por isso elas merecem uma aproximação. Temos que ir aos polos ouvi-las. Quando preparar um projeto, é preciso ouvir os colegas e é isso que vamos fazer”.
Uma das preocupações do futuro presidente diz respeito a metas de médio e longo prazo. Ele reconheceu os avanços obtidos com o planejamento executado na gestão do atual presidente, desembargador Paulo da Cunha, e agora planeja executar ações mais longas. “Nenhum de nós vai conseguir salvar o mundo em dois anos. Tivemos um excelente desempenho em 2015, nas metas rápidas, a curto prazo. Temos muito trabalho a médio e a longo prazo a ser preparado também”.
Histórico – nascido na cidade de Bauru (SP), o desembargador Rui Ramos Ribeiro tem 58 anos. Graduou-se na Faculdade de Direito de Bauru – Instituto Toledo de Ensino, em 1982, e passou a fazer parte da magistratura de Mato Grosso como juiz de Direito em 4 de dezembro de 1986. O então juiz iniciou sua carreira na Comarca de Rosário Oeste (128 km ao norte de Cuiabá) e passou pelas comarcas de Pontes e Lacerda, Diamantino e Cáceres até ser promovido à Capital, em 1993.
Atuou como juiz da Vara Especializada da Justiça Militar (1993 a 1996), 6ª Vara Criminal (1996 a 2003), diretor do Fórum Criminal (1998 e 1999), juiz convocado para compor Câmaras Criminais Isoladas, Reunidas e Tribunal Pleno (1994 a 2003), juiz auxiliar da Corregedoria-Geral da Justiça (1999 a 2001), e juiz substituto de Segundo Grau (2003 a 2004). Por merecimento, em 16 de dezembro de 2004 foi promovido a desembargador do TJMT, tendo atuado como diretor da Esmagis entre os anos de 2009 e 2011 e vice-diretor de 2007 a 2009.
No âmbito do Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso (TRE-MT), o desembargador também teve ampla atuação: foi juiz eleitoral de 1986 a 2001, em períodos alternados, passando pela Capital, Rosário Oeste e Pontes e Lacerda; membro substituto do Tribunal em 2003 e 2004; coordenador da propaganda política das eleições de 2004; diretor da Escola Judiciária Eleitoral (2009 a 2012), vice-presidente, corregedor e alcançou a Presidência no biênio 2011/2013.
Desde que se mudou para Cuiabá, o desembargador sempre mesclou a carreira da magistratura com o magistério. É professor da disciplina de Direito Penal na Universidade de Cuiabá (Unic), na Escola Superior da Magistratura do Estado de Mato Grosso (Esmagis) e na Escola Superior do Ministério Público do Estado de Mato Grosso desde 1994, além de ter trabalhado no Curso de Formação de Oficiais da Academia da Polícia Militar, lecionando a disciplina de Direito Penal Militar.
Recentemente ele foi nomeado pela Corregedoria Nacional de Justiça como coordenador regional da região Centro-Oeste e Estado de Minas Gerais entre os anos de 2014 e 2015 e atuou como desembargador auxiliar da Corregedoria Nacional de Justiça no período de dezembro de 2015 a julho de 2016, por nomeação da ministra Nancy Andrighi.