O presidente da Câmara Municipal de Cuiabá, Deucimar Silva (PP), colocou ontem o cargo à disposição dos demais vereadores. Ele admitiu a possibilidade de renunciar à presidência alegando pressão de outros parlamentares e o trauma decorrente do roubo ao qual foi vítima no dia 4 e que tem sido vinculado a um suposto crime político.
Durante discurso emocionado, Deucimar também ameaçou pedir a intervenção do Ministério Público Estadual (MPE) para que sejam investigadas regularmente supostas irregularidades no Legislativo e conclamou alguns vereadores para que lhe deixem trabalhar.
Deucimar não citou nomes, mas fez questão de negar a informação de que teria acusado o ex-presidente Lutero Ponce (PMDB) de estar por trás do roubo em sua residência. A suspeita de crime político aumentou nos últimos dias porque foram roubados três notebooks de pessoas ligadas à Mesa Diretora, o que ocorreu depois que o atual presidente denunciou um suposto rombo de R$ 3 milhões na gestão passada.
“Temos que começar a fazer uma agenda positiva aqui. Do jeito que está eu não consigo mais trabalhar. Por isso quero deixar aberto à bancada do meu partido, o PP, e aos demais vereadores. Se a maioria quiser, eu saio daqui e deixo o cargo de presidente”, afirmou Deucimar. Ele disse ainda que não vai permitir irregularidades na Câmara como querem alguns porque não quer ser obrigado posteriormente a dar explicações à Delegacia Fazendária, que já indiciou a ex-presidente Chica Nunes (2005/2006) pelo suposto desvio de R$ 6,6 milhões e atualmente investiga a gestão de Lutero Ponce (2007/2008).
Logo após o discurso, vereadores ligados à Mesa Diretora tratam de sair em defesa do presidente. O primeiro foi Toninho de Souza (PDT), que classificou a possibilidade de renúncia como o interesse das pessoas que estariam por trás do roubo na Câmara. Deucinar não cita nomes ao falar do discurso.