Bastante preocupados com a situação da região do extremo norte de Mato Grosso, devido à possibilidade de implantação do Parque Nacional do Vale do Juruena, prefeitos de cidades vizinhas as que serão encampadas com a formatação do ´Parna´ declararam apoio à iniciativa dos deputados estaduais José Riva e Eliene Lima (ambos PP) em estadualizar a área debatida por meio de um projeto de lei de autoria dos dois parlamentares.
A criação de uma Floresta Estadual, em detrimento a proposta Federal, manterá a integridade ambiental da região, garantindo, porém, o desenvolvimento sustentável dos municípios de Cotriguaçu, Apiacás e Nova Bandeirantes – ambos deverão ter o território reduzido tomados pelo Parna. A Floresta Pública Estadual Vale do Juruena com área aproximada de 4.260 Km² (quatro mil duzentos e sessenta quilômetros quadrados) tem por objetivo o manejo de uso múltiplo e de forma sustentável dos recursos naturais renováveis, a manutenção da biodiversidade, a proteção dos recursos hídricos, a recuperação de áreas degradadas, a educação florestal e ambiental, a manutenção de amostras do ecossistema amazônico e apoio ao desenvolvimento sustentável dos recursos naturais das áreas limítrofes à Floresta Estadual Vale do Juruena.
A grande polêmica, no entanto, se dá em relação à extração vegetal da região, que movimenta a economia local e garante emprego e renda a 90% das cidades do extremo norte do Estado.
A audiência pública realizada pela Assembléia Legislativa, sábado (11), na cidade de Apiacás, movimentou a região e trouxe à tona os anseios sociais ligados diretamente à sobrevivência dos moradores. O presidente do movimento Pró-Floresta, José Célio Gomes LimaSegundo a prefeita de Apiacás, Silda Kochemborger, a população estimada em 12 mil habitantes, teme a falência da cidade – uma vez que a única fonte de renda dos moradores está relacionada à extração e comércio de madeira. “Quase duas mil madeireiras da região estão prejudicadas. Se for transformada em parque, a área será intocável mesmo que a gente comprove que existe o desenvolvimento natural sustentável da mata”, explicou Kochemborger.
O prefeito de Nova Bandeirantes e presidente da União dos Municípios do Vale do Teles Pires,Valdir Barranco, explicou que com um estudo realizado pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente será possível mapear as árvores passíveis de corte e ainda, preservação das que ainda não estão na fase madura. Outro aspecto da lei proposta pelos parlamentares trata do reflorestamento e extração da castanha, principal produto comercializado pelos moradores locais. “Precisamos do apoio integral dos deputados, porque se o Parque for instituído, a única coisa a fazer será ir embora da cidade”, declarou.
Mesmo quem não irá sofrer diretamente a federalização da área esteve na audiência demonstrando solidariedade aos municípios afetados.
O prefeito de Paranaíta, Pedro de Alcântara conhecido como ‘Pedro Porta Aberta’ disse que teme o colapso econômico nas cidades circunvizinhas. “Temos que ajudar essas cidades e participar ativamente dos debates porque, no fim, todo o Estado sofrerá com a quebra do setor madeireiro além, claro, das famílias que vieram em busca de um sonho e trocaram tudo por isso. Paranaíta está de portas aberta para ajudar no que for preciso”, declarou.
Uma nova audiência, dessa vez com membros do Governo Federal e órgãos ligados ao setor ambiental participarão no dia 21 de março, em Apiacás.