O duro ataque do prefeito Wilson Santos a administração governamental pode ser entendido como efeito direto da decisão do governador Blairo Maggi em não disputar cargos políticos na próxima eleição. Oposicionista de carteirinha, Santos não perdeu tempo e já começa a retomar o espaço perdido pelo emaranhado de problemas da Prefeitura. O prefeito Wilson Santos já deu o mote de como será esta guerra pelo poder: a de comparação de administrações.
Partindo firme o prefeito, em entrevista a rádio Mega FM, no programa “Chamada Geral”, do apresentador Lino Rossi mostrou como pretende atacar o governador e traçar sua campanha rumo ao Paiaguás. Disse que a administração tucana, comandada pelo falecido ex-governador Dante de Oliveira sempre foi melhor. E mostrou a primeira arma de ataque: o Fethab, lembrando que é um projeto tucano copiado pelos republicanos. “O PSDB fez escolas, equacionou o sistema energético, melhorou o sistema ambiental. Na administração PSDB não tinha algemas” e completou que “muitas empresas se instalaram aqui por causa do programa Hora de Investir, do PSDB. Agora é a hora, vamos fazer a comparação”, avisou em tom duro.
O secretário de Fazenda Eder Moraes, que ouvia o programa entrou no ar para defender a administração Maggi, assegurando que a comparação será boa e que vai mostrar que a atual administração é melhor. “O prefeito mente, tenta iludir o povo mato-grossense e não vai conseguir. Estamos fazendo obras. Mato Grosso vê e vai dar a sua resposta”, rebateu.
Para Wilson Santos, o ambiente está favorável para derrubar a atual administração estadual. Ele enfatiza que basta a oposição se unir para ganhar a eleição e se declara aberto que é candidato ao governo quando ressalta que “nossa candidatura será puxada por Aécio Neves ou José Serra – os dois tucanos pré-candidatos a Presidência da República – “.
O prefeito cuiabano aproveitou ainda para afirmar que o Estado paga apenas R$ 950,00 para um professor em início de carreira, enquanto a prefeitura paga R$ 1,098,00. E aproveitou para atacar até mesmo o senador Jayme Campos (DEM) que ajudou a eleger o governador Blairo Maggi. “Dante de Oliveira pegou o Estado em situação precária, cheio de dívidas, salários atrasados. O PSDB colocou tudo em dia”, ressaltou. Atacou também Roberto França, quando explicou que há seis anos se pagava R$ 64,00 por tonelada na coleta de lixo e hoje se paga R$ 62,33 pelo mesmo serviço. E completou denunciando que a política de incentivos fiscais deste governo beneficia apenas meia dúzia de pessoas. “Eu pensei que a eleição seria difícil, mas não está. Fui a Cáceres, Juara, Peixoto de Azevedo e vi que o povo está revoltado com o atual governo”, concluiu em tom de vitória.
Saindo em defesa do governador, o secretário Éder Moraes voltou a afirmar que Wilson Santos é mentiroso. Explicou que as obras da Avenida Beira-Rio foram inteiramente bancadas pelo Estado e que não houve um único centavo da prefeitura. “Uma deselegância extremada, pequenês extremada. Ele arrancou até o totem do governo Maggi. É preciso acabar com esta mentira”, disse. Wilson contra-atacou afirmando que a prefeitura investiu sim na avenida. “Colocamos R$ 3 milhões em obras lá”.
Em tom jocoso, Éder Taques disse que a participação de Wilson Santos no programa radiofônico “parecia programa de humor”, com tantas mentiras e respondeu que o governo Maggi coloca R$ 2 milhões todos os meses na saúde de Cuiabá e ainda empresta, mais de 800 servidores do Estado para Cuiabá. Disse ainda que o Pronto Socorro já recebeu recursos para as reformas e a prefeitura não fez nada. “Problemas na saúde é de gestão. Mortalidade não mudou nada, sexto ano de administração municipal e nada foi feito para melhorar. Falam muito, mas fazem pouco”.
“É muito fácil assumir a paternidade que não lhe pertence. Difícil é conseguir fazer as coisas andarem direito. Ele fala da termoelétrica, mas ninguém fala que ela é privada. É um convênio com o governo boliviano com uma empresa que está em Mato Grosso. Não temos gestão para interferir neste negócio privado”.
Falar em ferrovia, que o PSDB deixou estrada, também não se fala que ela é inteiramente privada. Traçado não depende do governo estadual, dependente da empresa privada, que traça o melhor traçado para ela. Governo do estado na luta para que ela chegue a Cuiabá.
Atacando o PSDB e o prefeito Wilson Santos, Éder Moraes foi mais além. “É fácil fazer obras sem Lei de Responsabilidade Fiscal. Foram 99% no governo anterior. Abocanhou valores. Ontem a Sefaz pagou a última parcela da conta do governo anterior para a construção de pontes que houve superfaturamento. Fizeram pontes e deixaram a conta para o governo Maggi, que tem respaldo, maior número de obras. “São coisas que precisam ser colocadas. É fácil fazer contas. O complicado é pagar as dívidas deixadas por outras administrações.”