O projeto da reeleição do governador Blairo Maggi agora parece que está sendo levado à sério pelo PPS. Nesta segunda-feira, uma reunião de Maggi com a Executiva Regional e bancada na Assembléia Legislativa registrou o primeiro passo, de fato, para que o partido dê início ao processo de discussões efetivas em torno das composições. “Não é tempo de arrumarmos mais confusões” – disse o presidente da sigla, Percival Muniz, apontado como o principal pivô dos desentendimentos com os aliados. “Temos que arrumar a casa sem confusões” – acrescentou o governador Blairo Maggi, após três horas de discussões e lavagem de muita “roupa suja”.
No tempo em que estiveram a portas fechadas em uma das salas do apartamento do governador Blairo Maggi sobrou, evidentemente, puxões de orelhas para todos os lados. Muniz foi o mais visado. Tanto que o político – que se diz acostumado a se envolver em polêmicas como sua marca registrada – deixou o encontro visivelmente mudado. A começar pelos elogios ao deputado federal Pedro Henry, até então um desafeto. Há tempos, o dirigente socialista vem sendo apontado como responsável pelo azedamento das relações entre o governador e os eventuais aliados.
Se quiser agir, daqui para frente, Muniz terá que usar subterfúgios. Vetos e ataques daqui para frente não deverão mais acontecer. O político está travado – medida já tentada, anteriormente, diga-se de passagem, sem muito sucesso. O governador Blairo Maggi praticamente assumiu a condução de todas as discussões com os aliados. Enfático, Maggi deixou pediu uma espécie de “carta branca” para fechar entendimentos – que, posteriormente, passarão pelo crivo partidário. “A reeleição não é só minha, mas de todo o partido” – disse, ao final da reunião.
Executiva estadual, bancada e Maggi chegaram também a conclusão de que não dá mais para esperar o Supremo Tribunal Federal (STF) decidir sobre o esquema da verticalização. Quanto mais tempo passar, mais o quadro eleitoral vai se afunilando. A indefinição só prejudica a aliança governista. Por isso, foram feitas várias simulações dos cenários atuais. Por exemplo, aliança com o PFL e sem o PFL. Aliás, ficou evidenciado que o governador e o seu grupo já não crêem mais no estabelecimento de uma relação harmoniosa dentro do aspecto eleitoral com os liberais. Hoje, o PMDB é o partido da prioridade da aliança.
Além das declarações destrambelhadas de Percival Muniz, Maggi tem um problema vigoroso para resolver: o candidato ao Senado Federal. A vaga está reservada ao progressista Pedro Henry, agora livre das acusações de ser um dos operadores do “Mensalão”. Porém, o PFL só aceita discutir qualquer apoio ao projeto da reeleição – mesmo numa “coligação branca” – se Jaime Campos for o “ungido” pela aliança. Na disputa aparecem ainda Silval Barbosa (PMDB) e Eraí Maggi (PDT). Maggi vai conversar com os possíveis aliados, mas ficou definido que o PPS está pronto para assumir qualquer que seja o projeto. Inclusive, com uma chapa pura. “Não é essa a intenção. Queremos o maior número de partidos” – disse Maggi. Na estratégia partidária, o próprio Percival Muniz acabou tendo seu nome colocado como uma espécie de “estepe”: se precisar, vai ao Senado.