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Pedro Taques ainda não confirma que é candidato

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Um nome que pode mudar o cenário político de Mato Grosso na disputa para o Senado e reordenar as alianças para 2010. Assim tem sido definido o procurador da República Pedro Taques, o homem que enfrentou o crime organizado, conduziu as investigações ao lado da Polícia Federal e foi decisivo na prisão do “comendador” João Arcanjo Ribeiro. Ele tem mantido conversas com lideranças partidárias, está estudando o cenário político, mas não confirma que é candidato para não ferir a legislação eleitoral.

Cuiabano, 40 anos, Pedro Taques atua hoje no Ministério Público Federal em São Paulo, e pretende abandonar a profissão para se dedicar à política. Defende alianças, mas diz que mesmo para isso deve haver limites éticos e avisa que há pessoas na política de Mato Grosso com as quais não quer conversar. Nesta entrevista, Pedro Taques aborda temas polêmicos, defende o fim do foro privilegiado e da imunidade parlamentar, e diz que é inadmissível que Cuiabá não tenha um hospital público estadual para atender a população.

A Gazeta – O senhor está decidido a deixar o Ministério Público Federal para se tornar candidato ao Senado?

Pedro Taques – Eu estou decidido a ser útil ao meu Estado em 2010.

Gazeta – Isso significa que o senhor será mesmo candidato ao Senado?

Taques – Isso significa que o homem de bem tem que se preocupar com as coisas da sociedade, que tem que participar dos problemas da sociedade.

Gazeta – Mas o senhor é ou não candidato?

Taques – Só existe candidato depois da convenção eleitoral. Nós precisamos respeitar a lei eleitoral. Não podemos fazer campanha antecipada.

Gazeta – Caso o senhor venha a ser candidato em 2010, o senhor vai mesmo se decidir pelo Senado, ou pode se candidatar ao governo?

Taques – Em razão do meu conhecimento relativo à área legislativa, uma pessoa como eu daria maior contribuição no Poder Legislativo. O Senado é muito importante porque é o único lugar em que Mato Grosso é igual aos outros estados. Mato Grosso é diferente de São Paulo economicamente, industrialmente, em desenvolvimento. Mas no Senado, é igual a São Paulo. Lá, os três senadores de Mato Grosso tem o mesmo valor que os três senadores de São Paulo.

Gazeta – O senhor conhece a realidade e as principais carências de Mato Grosso?

Taques – Como cidadão, eu estudo, procuro ler tudo que posso sobre Mato Grosso. Há dez anos, Mato Grosso era o 17º estado economicamente mais viável, hoje é o quarto em desenvolvimento. Eu sei que o estado é vocacionado para o agronegócio, sei que a produção deste estado cresceu nesse período. Agora, eu sei também que a educação pública de Mato Grosso não espelha esse desenvolvimento. A saúde pública, a produção de empregos e a área da segurança não podem ser exemplo para outros Estados. Eu penso também que um dos problemas que atormentam nosso estado é a carga tributária, que é muito alta.

Gazeta – O nome do senhor surge como o novo na política de Mato Grosso e deve estar sendo sondado por vários partidos para compor aliança em 2010. Com quem já conversou? Já fechou com algum grupo?

Taques – Eu sou uma pessoa que conversa com vários segmentos. Conversar não é crime e as pessoas me chamam para conversar. É fato que algumas pessoas no PDT conversaram comigo, no PV.

Gazeta – Comenta-se que a senadora Marina Silva já empenhou apoio à sua candidatura ao Senado. É verdade?

Taques – Eu conversei com a senadora, como conversei com outros senadores. Agora, eu penso que nós não podemos ter um discurso monotemático. Temos que fazer com que nosso Estado se desenvolva, mas esse desenvolvimento tem que passar, não só pela área econômica, mas também pela ambiental e social. O desenvolvimento ambiental não é impeditivo do desenvolvimento econômico. Nosso Estado tem que crescer, se desenvolver. E esse discurso monotemático não é interessante para o nosso estado. Eu conversei com a senadora Marina Silva, ela perguntou sobre as ideias que tenho nesse campo e a conversa foi bem produtiva.

Gazeta – Dentre as pré-candidaturas ao governo que estão postas, do vice-governador Silval Barbosa, do empresário Mauro Mendes e da composição entre o prefeito Wilson Santos e o senador Jaime Campos; com qual deles o senhor deve seguir em 2010?

Taques – Eu penso que ninguém faz nada sozinho. Você precisa de grupos. Agora você precisa conseguir tocar a sociedade. A sociedade precisa entender que ela precisa de política. E em eventual participação política-partidária, eu preciso de grupos. E nós temos no estado vários grupos se formando. Já conversei com algumas pessoas e estarei analisando isso com muito cuidado. Porque uma coisa é certa, a sociedade está cansada de mentiras, de promessas, de pessoas que dizem que o futuro a Deus pertence, que ninguém está conversando de política ainda, que é muito cedo. Isso tudo é mentira. Todos estão conversando sobre política, todos os dias, 24 horas por dia, ao menos os que serão atores desse jogo político ano que vem. Eu tenho conversado com algumas pessoas e, se isso se concretizar, ano que vem a decisão sairá.

Gazeta – Mas o senhor tem conversado com todos os partidos?

Taques – Não, não tenho conversado com todos os partidos, porque algumas pessoas, eu não quero conversar com elas.

Gazeta – O senhor pode citar nomes?

Taques – Não. Porque não quero fulanizar a discussão. Mas eu vejo que, se você tem o objetivo de querer contribuir com a sociedade e com o estado que você vive, esse objetivo tem limites. E eu não vou ultrapassar esses limites. O limite para mim é a ética, é a lealdade, é a lei.

Gazeta – O senhor ficou conhecido pela luta contra o crime organizado, que culminou na prisão do bicheiro João Arcanjo Ribeiro. Mas há outras realizações que o senhor possa citar?

Taques – Eu acho que esse processo do cidadão condenado João Arcanjo foi um processo importante. Mas eu tive atuação na área de Saúde, que é uma área que muito me agrada e preocupa. Por exemplo, por que não temos um hospital estadual público aqui em Cuiabá? Por que não se concluiu o Hospital Central? Por que na Baixada Cuiabana não temos um hospital pediátrico, apesar de várias promessas? Porque temos apenas a política da ambulância, onde a população do interior é trazida para a Capital, aqui fica na fila. Então a população não tem sido respeitada em seu direito à saúde. A questão educacional também me preocupa. Por que o cidadão que estuda em escolas públicas só consegue entrar em faculdades particulares? Quando aqui atuei, eu ajuizei uma ação para que seja reservado um número de vagas para alunos oriundos de escolas públicas. Nós não podemos perder mais uma geração de brasileiros. Na área ambiental, eu ajuizei as ações das hidrovias Paraguai-Paraná, tive participação nas hidrovias Tocantins-Araguaia e na Tapajós-Teles Pires. Sempre dizendo que a hidrovia é o meio modal que menos polui. Agora, precisamos de regras a respeito disso, e essas regras não existem. Há sete anos eu participei de um debate promovido pelo estado de Mato Grosso e eu disse exatamente isso, mas há sete anos ninguém mais discute isso. Portanto, trabalhei em outras áreas, e também no combate ao crime organizado. Mas uma coisa é fato. João Arcanjo Ribeiro está preso. Mas e aquelas pessoas que viviam recebendo recursos dele? Essas pessoas estão soltas. Então precisamos mudar a lei para que essas pessoas possam ser presas. As pessoas que roubam o patrimônio público, os corruptos, merecem prisão. Precisamos mudar a lei, acabar com a imunidade parlamentar.

 

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