Casas e apartamentos do programa Minha Casa, Minha Vida, do governo federal, e obras estruturais para receber os jogos da Copa do Mundo de 2014 devem impulsionar o setor da construção civil de Mato Grosso no ano que vem. Para o evento esportivo, por exemplo, os trabalhos vão se estender até pelo menos 2013. Representantes do segmento adiantam que Cuiabá e as cidades mais próximas serão transformadas em um verdadeiro canteiro de obras, e entre os reflexos positivos disso tudo é a geração de emprego. E diante da perspectiva de um setor promissor nos próximos anos, muitas pessoas estão se adiantando e buscando capacitação para aproveitar o boom da construção. O objetivo é aumentar a renda familiar, já que a média salarial de um pedreiro, por exemplo, varia de R$ 800 a R$ 1,5 mil, valor que se comparado a de outras profissões é bem maior.
A Escola Senai da Construção oferece vagas para diversos cursos voltados para o setor, onde quem não tinha nenhum contato com a atividade pode aprender uma profissão ou mesmo quem já trabalha na área tem a oportunidade para aperfeiçoar os conhecimento.
A coordenadora pedagógica dos convênios do Senai, Jocinete Amorim adianta que a partir de janeiro será iniciado uma série de cursos, com novas turmas. Na lista estão aplicador de revestimento cerâmico (com duração de 180 horas). “Serão 4 turmas, com um total de 90 vagas. Esse e outros cursos serão realizados já com vistas à Copa do Mundo”, afirma ela ao complementar que o curso faz parte do programa Quali Copa, uma parceria do Senai com o governo do Estado.
Jocinete acrescenta ainda fora do Quali Copa estão programados outros cursos como eletricista industrial que será realizado em Alto Garças e Alto Taquari, e eletricista predial em Diamantino, assentador de revestimento cerâmico em Rondonópolis, todos programados para 11 de janeiro. “São cursos que estamos montando em parceria com entidades e as prefeituras das cidades para melhorar a qualidade da mão-de-obra local.”
Mas quem pensa que a construção civil vai “bombar” apenas a partir do ano que vem está enganado. O aquecimento na demanda por trabalhadores começou este ano mesmo em um cenário de crise e tende a aumentar conforme o cronograma de execução das obras, seja dentro do programa Minha Casa, Minha Vida ou das voltadas ao evento esportivo. Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), apontam que de janeiro a novembro foram geradas 35,634 mil oportunidade de trabalho com carteira assinada em Mato Grosso, acumulando um saldo positivo em 1,228 mil no mesmo período. Apesar das obras terem começo e fim, com o ritmo em que elas estão registrando, os profissionais terminam um trabalho e logo começa outro, sem mais ter que esperar até mais de uma semana para encontrar outro serviço. Há casos ainda em que as pessoas que têm preferência por um determinado profissional tem de esperar meses para conseguir “um espaço na agenda dele”. Sem contar que as construtoras estão contratando pessoal fixo, o que dá mais estabilidade aos trabalhadores, que geralmente atuavam como autônomos.
Ano positivo – O diretor do Sindicato das Indústrias da Construção Civil de Mato Grosso (Sinduscon-MT), Júlio Flávio Miranda, afirma que antes mesmo de se comentar sobre as perspectivas para o futuro da construção civil no Estado, é relevante fazer um balanço do setor no ano de 2009. Segundo ele, apesar do cenário de retração decorrente da crise econômica mundial, o segmento registra um saldo positivo. Um dos motivos para esse resultado, conforme ele, foi o fato de o governo federal implementar o programa de habitação, que vai construir 1 milhão de casas em todo o país, oferecendo moradia para pessoas de baixa renda e facilitando para os que têm um salário razoável.
Construção pesada o presidente do Sindicato da Construção Pesada de Mato Grosso (Sincop-MT), José Alexandre Schutze, diz que esse segmento também teve um resultado positivo em 2009 e que o setor está otimista para 2010. “A partir do próximo ano vão começar as obras de infraestrutura, atendendo às exigências para realização da Copa”, diz ao concluir que serão 4 anos de intensos trabalhos.