Na cerimônia de posse do novo ministro da Fazenda, Guido Mantega, o presidente Lula ressaltou os feitos econômicos do ex-ministro Antonio Palocci e voltou a afirmar que “não há mágica em economia”. Lula disse, no entanto, que seu governo entregará aos brasileiros “um Brasil infinitamente melhor”.
Lula citou a geração de empregos e a melhora das exportações como legados da passagem de Palocci pela Fazenda.
Ao dar as boas-vindas a Mantega, o presidente brincou, afirmando que “a partir de hoje, quem quiser falar mal da economia, não fale do Palocci, fale mal do Mantega”.
“Nem todo irmão da gente é um grande companheiro, mas um bom companheiro é um grande irmão. Eu posso te dizer, Palocci, independente do momento que estamos vivendo, que a nossa relação é de companheiro”, afirmou Lula, encerrando o discurso.
Discurso de despedida
O ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci afirmou que sai “com a consciência tranqüila” em discurso na posse do novo titular da pasta, Guido Mantega. Palocci afirmou ainda que Mantega será um ministro melhor que ele. “Não torcerei para o ministro Mantega fazer o mesmo que eu. Eu tenho certeza que ele fará mais e melhor.”
Palocci citou alguns feitos de sua passagem pelo Ministério da Fazenda, entre eles a estabilização da economia e a diminuição do abismo social e a melhora nas contas externas. “O governo do presidente Lula, ao qual tive a honra de servir, conseguiu tirar o Brasil da unidade de terapia intensiva do Fundo Monetário Internacional”, afirmou o ex-ministro.
Sobre as denúncias que o levaram a pedir demissão, Palocci afirmou que não leva “mágoa nem ódio no coração”, mas voltou a negar, indiretamente, sua participação. Ele afirmou que as denúncias são “sem substância” e disse que “jamais atentei contra a democracia e as instituições do meu país”.
Palocci disse que no Brasil há uma tradição de uma “oposição feroz” e que por isso as instituições “estão cravadas de rancor”. “Talvez ela [minha crença na convivência pacífica] tenha sido ingênua”, disse.
O ex-ministro da Fazenda pediu ontem seu afastamento do cargo após ter seu nome envolvido na quebra ilegal do sigilo do caseiro Francenildo Costa. O caseiro contradisse Palocci e afirmou, na CPI dos Bingos, que o ex-ministro freqüentava reuniões de lobistas em uma mansão em Brasília.
Palocci agradeceu à equipe econômica e ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Certamente cometi erros, mas nem de longe me arrependo. Ao presidente Lula não me arrependo nem um minuto por ter dedicado 20 anos de minha vida a seu projeto político”, disse.
Novo ministro
Em seguida, Mantega discursou e disse que aceita, “honrado e orgulhoso”, o desafio de conduzir o Ministério da Fazenda. “Continuo fiel a mim mesmo e às minhas idéias. O desenvolvimento que defendo é responsável, avesso às aventuras e a um entusiasmo infantil”, declarou.
O novo ministro também citou indicadores econômicos do governo Lula. “Com paciência, com competência e diretrizes claras, o presidente Lula orientou seu governo a consertar a economia, começar a crescer e abrir caminho para a redução das desigualdades sociais e regionais”, afirmou Mantega.
“Em 2004, o Brasil deu início a um ciclo de desenvolvimento sustentável. Em grande parte, isso se deveu à tenacidade e à competência do ministro Antonio Palocci”, elogiou Mantega. O novo ministro ressaltou que já houve momentos de maior crescimento da economia, mas que nesses momentos o país era mais vulnerável.
Na manhã de hoje, em entrevista à TV Globo, Mantega sinalizou que a taxa de juros deve cair. Em seu discurso nesta tarde, ele voltou a indicar a queda: “os juros vêm sendo reduzidos há seis meses”, disse.