A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Obras da Copa colheu depoimento do ex-secretário de Estado de Turismo e ex-presidente do Comitê-Pró-Copa, Pedro Nadaf, como convocado. “Assumi o cargo de secretário de Turismo em 2007 e desempenhei até fevereiro de 2008, período que também estive à frente do Comitê Pró-Copa. Em maio de 2007 iniciamos uma campanha de mobilização da sociedade para trazer a Copa, e criou-se o Comitê e o então governador Blairo Maggi me delegou à função de coordenar o processo para angariar apoio”.
Nadaf também destacou que o Caderno de Encargos apresentado à FIFA foi elaborado pela Secretaria de Obras. “O adjunto de Obras Jean e a equipe técnica desta pasta que elaboraram o Caderno de Encargos, o qual me foi entregue pronto”.
Além disso, também discorreu sobre apresentação no Rio de Janeiro à FIFA, em que todas as 20 cidades que pleiteavam a candidatura estavam presentes.
De acordo com Nadaf, além da apresentação dos ecossistemas de Mato Grosso, foram apresentados dados e números sobre a rede hoteleira do Estado, bem como disponibilidade de leitos hospitalares, hospitais, jogos de seleções internacionais no antigo Estádio do Verdão, entre outros.
Ao ser questionado pelo relator da CPI, deputado estadual Mauro Savi sobre qual 'mágica' foi realizada para trazer a Copa para Cuiabá, tendo em vista a competitividade das demais cidades com candidatura, o ex-secretário de Turismo disse que pesou em favor de Mato Grosso, que o tema da Copa do Mundo de 2014 seria referente à proteção ambiental.
Depois de três meses da apresentação no Rio de Janeiro, conforme depoimento do convocado, o ex-governador Blairo Maggi solicitou viagem à Zurique juntamente com ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para acompanhar o anúncio da escolha do Brasil como sede da Copa.
“Blairo teve de 5 a 10 minutos de conversa com o então presidente da Fifa, Joseph Blatter, e mostramos o bioma e a diversidade do Estado. Após dois meses desta viagem, deixei a Secretaria de Turismo e me desliguei totalmente da condução do processo de escolha e não tive participação em ações e atividades como processos licitatórios ou de definições para a Copa. Em 2014, ajudei a organizar a pedido do governador para receber as autoridades já no cargo de chefe da Casa Civil”.
Pedro Nadaf também destacou não ter conhecimento sobre fundo de arrecadação específico para a Copa do Mundo, conforme depoimento do ex-secretário de Esportes, Baiano Filho. “Não tenho conhecimento sobre fundo, pois não havia sido definido como sede quando estava à frente do Comitê. Sei que os recursos estavam programados, pois financiamentos ocorreriam através do governo federal que havia feito este compromisso. Mas quem fazia a interlocução com o Ministério de Esportes era o próprio Baiano”.
Sobre a troca do modal BRT para VLT, Nadaf disse que não sabe o porquê da mudança, mas que na Matriz de Responsabilidade FIFA constava o BRT.
Já sobre atrasos das obras, cronograma e pagamentos, Nadaf apontou que cada situação colaborou para os eventuais problemas. “Não tenho juízo de valor sobre o que levou a esta situação, mas os atrasos de repasses com a greve do Dnit também contribuíram para atrasar as obras da Miguel Sutil, por exemplo, que eram 100% conveniadas com o órgão”, disse.
Nadaf negou que tenha se reunido com empresas ou empreiteiras com interesse nas obras da Copa. E disse não ter conhecimento de nenhum acordo para acertar a escolha de Cuiabá como sede.