Delegados e promotores de Justiça responsáveis pela investigação de um esquema de propina envolvendo um contrato do Departamento Estadual de Trânsito (Detran) iniciam na próxima semana o confronto das informações obtidas com os primeiros depoimentos colhidos na sexta-feira e ontem. Foram ouvidas, na condição de testemunhas, pessoas cujos nomes aparecem nas listas obtidas com a quebra de sigilos bancários dos investigados.
A ideia é verificar a consistência dos depoimentos em relação a documentos e outros materiais que já estão em poder do Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco), Núcleo de Ações de Competências Originárias (Naco), ambos do Ministério Público Estadual, e Polícia Civil. Paralelo a este trabalho, novos depoimentos serão marcados e a expectativa é que até 240 pessoas sejam ouvidas.
Ontem, as oitivas foram realizadas na Delegacia Especializada de Combate a Crimes Fazendários (Defaz), da Polícia Civil, que atua nas investigações. A exemplo do dia anterior, a maior parte das testemunhas ouvidas era formada por pessoas que não são públicas. Por conta disso, é cedo afirmar que se trate de envolvidos com a fraude, uma vez que existe a possibilidade de que tenham recebido cheques e transferências por negócios lícitos e legais. Por outro lado, há a possibilidade também de ampliação do espectro da investigação, com a descoberta de novas provas.
A Operação Bereré foi deflagrada na última segunda-feira e investiga um esquema de pagamento de propina envolvendo o contrato de concessão dos serviços de registro de contrato de financiamento de veículos do Detran. Segundo Polícia e Ministério Público, parte dos lucros da concessionária eram repassados para uma empresa de fachada, que direcionava a propina aos envolvidos. A informação consta na delação do ex-presidente da autarquia, Teodoro Lopes, o Dóia. O esquema renderia aos suspeitos aproximadamente R$ 1 milhão por mês e foi iniciado em 2009, quando o contrato com a empresa foi assinado.