O ex-presidente da antiga Iugoslávia, Slobodan Milosevic, 64, foi encontrado morto em sua cela neste sábado, no Tribunal Penal Internacional (TPI), em Haia, na Holanda, informou o tribunal em um comunicado.
“Milosevic foi encontrado sem vida em sua cama, em sua cela na unidade de detenção”, informou o tribunal, segundo a agência de notícias Reuters. “Um guarda alertou imediatamente o oficial da unidade e o médico, que confirmou que Milosevic estava morto.”
O tribunal informou que a polícia holandesa foi chamada e deve começar uma investigação. A necropsia de Milosevic foi requisitada e a família já foi informada, segundo o comunicado.
Milosevic sofria de problemas no coração e de pressão arterial elevada, que interromperam repetidas vezes seu julgamento pelas acusações de genocídio, crimes contra a humanidade e crimes de guerra por seu papel nos três conflitos da antiga Iugoslávia na década de 90, que deixaram mais de 200 mil mortos: Croácia (1991-1995), Bósnia (1992-1995) e Kosovo (1998-1999).
O julgamento de Milosevic havia começado em fevereiro de 2002. Ele se defendia das alegações de que apoiava e mesmo ordenava o uso da força e da violência pelas forças sérvias dizendo que não era responsável pelas ações das forças militares.
“Limpeza étnica”
Milosevic, partidário da noção de supremacia sérvia, propôs em 1990 –quando era dirigente do Partido Comunista da Iugoslávia– o fim do modelo federativo e o sistema “um homem, um voto”. Eslovenos e croatas discordaram, uma vez que os sérvios eram maioria.
Foi o primeiro passo rumo ao racha que se consumaria dois anos depois. A Macedônia seguiu o exemplo.
Nas regiões da Bósnia-Herzegóvina e em Kosovo, no entanto, os sérvios eram minoritários. Em 1992 foi realizado um plebiscito em que ambas optaram pela independência. A Sérvia intercedeu e passou a apoiar milícias que se entregaram à eliminação física de muçulmanos. Foi a “limpeza étnica”.
Em 1995 foram firmados os Acordos de Dayton (1995), que institucionalizaram a presença militar estrangeira na região e uma divisão territorial que reconhecia territórios esvaziados de suas antigas populações.
Os kosovares da etnia albanesa, no entanto, intensificaram ataques contra os sérvios e os ataques se intensificaram, até que os EUA assumissem operações de bombardeio. A guerra terminou com a queda de Milosevic, em março de 2001. As estimativas variam e chegam a até 278 mil mortos.