O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, disse ser vítima de uma “grande desordem institucional” existente em Mato Grosso. A afirmação do magistrado foi dada ao repórter César Felício, do jornal Valor Econômico. Nesta semana, o veículo revelou a “conexão” do ministro com diversos políticos do Estado, entre eles o ex-governador Silval Barbosa (PMDB), que firmou acordo de colaboração com a Procuradoria-Geral da República (PGR). Entre a mais de uma centena de pessoas citadas pelo peemedebista não há nenhuma menção a Mendes.
‘Tenho relação com todo mundo. Conheço todos os parlamentares, gente rica, gente pobre, mas não tenho qualquer conexão com estas falcatruas. Não estaria tendo os enfrentamentos que tenho se tivesse vulnerabilidades’, afirmou o ministro à reportagem, quando questionado a respeito destas conexões. Segundo Mendes, Mato Grosso vive “uma grande desordem institucional” na qual procuram envolvê-lo de forma ilegal.
Mendes destacou que não possui nenhum tipo de atuação na política local e que seu irmão, que foi prefeito de Diamantino, deixou a vida pública exatamente por conta destas ilações. A respeito de Silval, a quem em certa ocasião teria chamado de “amigo de muitos anos” o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ressaltou que suas relações eram institucionais. ‘Para mim foi uma surpresa, eu não sabia que tinha este tipo de coisa. Tinha relação institucional, de cordialidade, mas não fazia negócio com essas pessoas. Tenho interface com o meio político há 40 anos e não tenho como não ter convivido com essas pessoas’.
Entre os atos citados pelo jornal estava a estatização de uma faculdade em Diamantino, incorporada à Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), que teria pertencido a familiares de Mendes, fato que ocorreu quando Silval era governador. ‘Esquecem de dizer que a Universidade Estadual do Mato Grosso (Unemat) se expandia. O Ministério Público não tem competência para questionar se o Estado se portou bem adotando esta ou aquela política pública. Tratam pessoas sérias como desonestas’.
Outro político citado pelo jornal foi o ex-deputado José Geraldo Riva, que foi beneficiado por um habeas corpus, concedido por Mendes, em 2015, revogando a prisão preventiva decretada pela juíza da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, Selma Rosane Santos Arruda.
Embora tenha concedido a soltura do ex-parlamentar, Mendes votou contra ele no âmbito do TSE, em um recurso impetrado pela defesa de Riva que tentava conseguir o registro de candidatura para tentar a sucessão de Silval em 2014. Com a condenação, ele foi enquadrado na lei da ficha limpa e ficou inelegível, encerrando assim sua carreira política.