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Marcos Valério confessa esquema com Delúbio para financiar o PT

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Um dia depois de se reunir com o procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, e se oferecer para detalhar e esclarecer os saques milionários efetuados nas contas de suas empresas nos últimos anos – e propor um acordo para dizer “tudo o que sabe” em troca de uma redução de pena em eventual condenação – o publicitário Marcos Valério de Souza admitiu nesta sexta-feira, publicamente, ter feito diversos empréstimos bancários a pedido do PT, contrariando versão dada anteriormente à CPI dos Correios. Valério, um dos donos das agências de publicidade SMP&B e DNA, deu entrevista ao Jornal Nacional e divulgou nota, afirmando que obteve créditos bancários a pedido do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares. Ele, porém, disse que o “mensalão”, alardeado pelo deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), “não existe”.

Mais cedo, o presidente da CPI dos Correios, senador Delcidio Amaral (PT-MS), informou que Valério confirmou na quinta-feira à Procuradoria-Geral da República que efetuou operações de empréstimo milionárias, sob a orientação de Delúbio, com o objetivo de pagar dívidas de campanha do PT contraídas antes de 2003 e para fazer caixa visando às eleições municipais de 2004.

O publicitário disse que o dinheiro era entregue a pessoas e empresas indicadas pelo partido, mas alegou acordo com a Procuradoria para não revelar nomes. Ele, porém, lembrou que as identidades podem facilmente ser descobertas por meio de consulta aos registros das movimentações bancárias, mediante quebra de sigilo. Valério prometeu entregar, na próxima semana, documentos comprovando o que disse.

De acordo com Marcos Valério, o esquema foi deflagrado no início de 2003 e se estendeu até o ano seguinte – sempre com a orientação de Delúbio Soares. O empresário justificou os empréstimos alegando que o PT estava endividado e “nunca teria crédito” de outra forma, mas não esclareceu o que ganhou em troca para se dispor a participar do esquema – somente disse que aceitou o trato devido à relação de confiança que mantinha com Delúbio. Valério garantiu que nunca foi beneficiado em licitações de suas empresas em contratos com o governo federal. “Nunca houve superfaturamento”, disse.

Ele insistiu também que todas as operações de empréstimo se deram de forma “legal”. Marcos Valério também disse que suas empresas vão se responsabilizar pelas dívidas enquanto negocia com a nova direção petista formas de ser ressarcido.

Quando perguntado se teria se encontrado com Delúbio Soares nessa semana, Valério encerrou a entrevista. Parlamentares da oposição levantam a hipótese de que o publicitário e o ex-tesoureiro do PT combinaram uma estratégia de defesa conjunta. Delúbio repetiu a iniciativa de Valério na quinta-feira e, nesta sexta, também compareceu à sede da Procuradoria-Geral da República, em Brasília, a fim de “prestar esclarecimentos”. Em reunião com o procurador-geral, Antonio Fernando Souza, Delúbio teria confirmado a versão do empresário, sem comprometer, porém, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva – cuja campanha não teria sido “abastecida” pelo esquema.

“Foi um pedido, o PT estava com muitas dificuldades financeiras… Os saques eram a pedido do tesoureiro, sempre indicando quem deveria sacar. O montante total do empréstimo foi repassado ao PT, na figura do tesoureiro, de pessoas que ele indicava. Nunca foi relacionado a nenhum ‘mensalão’… eram dívidas que vinham do passado e preparação a campanha eleitoral de 2004”, afirmou Valério na entrevista.

Depoimento
Também nesta sexta-feira, o procurador-geral da República Antônio Fernando de Souza – que ontem ouviu o depoimento de Marcos Valério – afirmou que não aceitou a proposta do publicitário de colaborar com as investigações desde que tivesse privilégios, como a redução de pena que a lei oferece a quem colabora com a Justiça.

Veja a íntegra da nota divulgada por Valério.

“O empresário Marcos Valério Fernandes de Souza torna público que:

1) Em atenção a pedidos do senhor Delúbio Soares, então secretário nacional de finanças do Partido dos Trabalhadores, contraiu vários empréstimos bancários em nome das agências de publicidade SMP&B e DNA, no período de 2003 a 2005;

2) As referidas operações de crédito, bem como toda a movimentação financeira originária daquelas operações, obedeceram sempre às normas vigentes para o sistema financeiro nacional;

3) Os recursos originários dos financiamentos foram transferidos, sempre segundo a legislação que regula o sistema financeiro, para o Partido dos Trabalhadores, a título de empréstimos, e depositados na rede bancária para pessoas indicadas pelo então secretário de finanças do PT, senhor Delúbio Soares.

4) Todos os pedidos de socorro financeiro feitos pelo senhor Delúbio Soares baseavam-se, de acordo com o próprio secretário do PT, na necessidade de saldar dívidas relacionadas a campanhas eleitorais. O empresário Marcos Valério reafirma que não tem conhecimento e, muito menos, qualquer envolvimento com a suposta prática do que tem sido denominado de ‘mensalão'”.

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